Na maioria das vezes a não sabemos aonde que ir e nem chegaremos lá, mas mesmo assim a vida moderna se faz tão absurdamente apressada que já nem temos tempo para curtir as coisas, vivenciá-las por inteiro, saber o que realmente são. A pressa imposta pelo progresso ou pela fuga de achar que assim é mais fácil acumular informações (informações talvez sim, sabedoria não) não permite que tenhamos tempo nem para que pensemos no tempo e assim tenhamos um tempo para o tempo. Não exatamente o das horas marcadas pelo relógio, mas sim e fundamentalmente o tempo de nós mesmos.
É tamanha a pressa que o hoje já é ontem. Tudo está ficando superado, inclusive nós, tão rapidamente que o futuro não é mais amanhã. É logo mais. É agora. Repare só como essa pressa moderna nos faz superados a cada segundo, a cada instante. Se você abrir agora a caixa de um computador que acabou de comprar descobrirá que no instante em que estiver retirando o aparelho da caixa ele já estará superado: um mais moderno tomou imediatamente o lugar do que você adquiriu como moderníssimo. Na pressa do tempo, na não há nada novo. Está tudo velho um segundo depois de ter sido dado como novo.
Estatísticas garantem que o brasileiro está vivendo mais tempo. Está mesmo? Ou será que criou para si próprio uma corrida no tempo, uma forma de conhecer mais coisas e mesmo assim saber cada vez menos. Ou não saber nada.
A corrida em busca de novas e modernas descobertas de mais opções tecnológicas é tão rápida que nos toma até o tempo do amor. De amor.
Os casais já não se aguentam por muito tempo (é preciso mudar para não ficar para trás), as pessoas também se conhecem, se compreendem e se aguentam, cada vez menos. Vai ver é por isso que estamos apressadamente nos matando uns aos outros.
Eu quero ter tempo de aprender com a vida, de conhecer as coisas em sua totalidade e saber que o que aprendi e percebi agora não acaba um instante depois. E o que amei foi amor mesmo, sentido, profundo. Não um passatempo.
Quer saber: tudo bem que as coisas evoluam, mas devemos conquistar e nos permitir um tempo para que as conheçamos. Do contrário chegaremos ao fim muito depressa.
*Antes do tempo
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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