terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Crônica - AMOR EM CAPÍTULOS

As novelas brasileiras, sem dúvida as melhores do mundo, ganharam tamanha qualidade e elencos tão talentosos que ninguém mais tem vergonha de assumir que assiste – e até acompanha atentamente – as novelas. É uma conquista da televisão e o fim da hipocrisia que levava muitos telespectadores a negar que assistiam novelas e televisão.
Era uma época em que todos os quartos de empregada “ficavam” na sala e tinham um aparelho de televisão constantemente ligado: todo mundo sabia o que acontecia nas novelas, mas fazia questão de, com vergonha de ser noveleiro, dizer que via novela, sim, mas só quando passava pelo quarto da empregada, que se transformava na dependência mais visitada e usada de qualquer casa. Hoje todo mundo vê novela, discute as muitas situações desenvolvidas na trama e espera ansiosamente pelo próximo capítulo.
Uma coisa em especial chama a atenção nos folhetins novelas: em todas as novelas as relações de amor são sempre muito, mas muito mesmo, complicadas. Pode-se argumentar que esses desencontros afetivos são necessários para garantir o interesse do público. Se a novela procura buscar na realidade a sua inspiração maior, fica realmente uma preocupante questão: será que na vida real o amor é também tão complicado assim?
Os capítulos diários da vida nos têm, mostrado que o amor não é tão dolorido (na verdade amor não dói, a falta dele, sim) e complicado quanto nós o fazemos ser por insegurança, medo, egoísmo e outros desnecessários sentimentos. Nós é que complicamos tudo. Esperamos tanto do amor (e é de se esperar muito dele, sim) - e não falo só de amor entre duas pessoas, mas do amor entre todos. As diferenças afetivas entre casais é problema que só interessa (ou deveria interessar) aos envolvidos, mas acaba de uma forma ou de outra, sendo um reflexo dos desentendimentos de amor do cotidiano de todos.
Como nas novelas, está ficando muito difícil simplesmente amar (e amar com a simplicidade é que só o que o verdadeiro amor exige) o próximo, perceber que em cada ser humano, por mais amargo e sofrido que a vida o tenha feito, há muito amor para buscar. E para dar.
* Só assim teremos (como na ficção) um esperado final feliz para todos. E para sempre.

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