Por mais que a medicina tenha avançado
tecnologicamente permitindo exames de alta definição, o paciente continua sendo
submetido a procedimentos invasivos e dolorosos, que assustam e machucam mais
do que a doença que o exame pode confirmar ou afastar. O paciente sofre cada
vez mais porque se multiplicam os pedidos de exames feitos em guias de planos
de saúde, o que leva a ter a quase certeza de que são poucos os médicos que ainda
praticam a velha medicina - aquela dos exames nos consultórios que estão virando
apenas um burocrático escritório em que um profissional de saúde nos recebe,
mal olha para a nossa cara (indico o Dr. Jaime da Cunha Barros, esse sim um
médico de verdade que respeita a medicina e respeita o paciente), abaixa a
cabeça e sai pedindo exames e mais exames. Fica praticamente claro é que a fundamental
medicina pessoal do diagnóstico não tem mais a menor importância para a maioria
dos médicos. Quem faz medicina hoje são os laboratórios que utilizam maquinas
de alta precisão e entregam laudos prontos, o que nem sempre significa que estejam
certos. O médico que pede o exame limita-se a ler o laudo e nem verifica muitas
vezes nem veracidade das imagens. Se ainda tiver dúvidas pede mais exames e lá
se vai o paciente ficar mais doente na fila dos planos de saúde, na espera para
a realização do exame em um sempre lotado laboratório. Resultado: o paciente é submetido a novos
procedimentos invasivos que o apavoram e o deixam doente e debilitado que o
exame confirme que a doença pesquisada era uma ilusão do médico.
Passei por isso recentemente quando
me foi solicitada uma punção pulmonar que qualquer idiota sabe que é uma suspeita
de câncer mo pulmão. Meu comportamento físico mostrava que eu no tinha nada. Insisti
com o médico de que eu acreditava ser uma fibrose ou uma sequela da radioterapia
a que fui submetido quando tive câncer de mama. O médico cumprindo seu dever
profissional insistiu no exame porque era a única maneira de afastar qualquer
dúvida. Felizmente punção não foi necessária: novos exames mostraram que era
apenas uma fibrose. Os médicos cumprem o dever de pedir os exames, mas talvez
devessem pensar duas vezes antes de submeter o já sacrificado paciente a noivos
doloridos exames. Paciente não é cobaia e muito menos um boneco para ser
espetado da cabeça aos pés. (Eli Halfoun)
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