As declarações da jornalista Rachel
Sheherazade feitas no “Jornal do SBT” quando “compreendeu” a reação de
justiceiros que amarraram um menor em um poste no Rio repercutiram bastante na
época e já tinham praticamente caído no esquecimento ganharam e ganharão nova repercussão
e discussão a partir do processo movido pelo Ministério Público Federal contra
o SBT. Funciona mais ou menos como o desmentido que na maioria das vezes repercute
mais do que a notícia original. Desmentido é jogar lenha na fogueira, o que de
certa forma acontece agora com o processo contra o SBT que se condenado terá de pagar mais de R$
500 mil de multa por “dano moral coletivo”. A decisão do MP ainda não foi comunicada
ao SBT que é claro deverá recorrer. No processo o MP diz que o comentário da
apresentadora “estimulou a ação de justiceiros e violou o princípio maior da dignidade
humana”.
Fazer justiça com as próprias mãos é mesmo
condenável, mas não me parece que em nenhum momento a apresentadora Rachel
Sheherazade e muito menos o SBT quisessem incentivar esse tipo de ação. O
comentário de Rachel apenas refletiu o pensamento de muita gente que cansada de
ser vítima da bandidagem precisa defender-se. Precisa sim, mas nunca fazendo
justiça por conta própria que na verdade não é justiça: é vingança mesquinha e
covarde como a praticada pelos bandidos O MP também cobra do governo “mais
fiscalização sobre as TVs que detêm concessões públicas”.
Sabemos que em hipótese alguma o
respeitável e competente Ministério Público Federal é favorável a qualquer tipo
de cerceamento, mas esse tipo de fiscalização pode acabar incentivando a volta
da censura que não cabe mais no país que tanto lutou contra ela. Fica uma
pergunta quem vai fiscalizar os mal feitos e exageros do governo?
O fato é que para quem nem lembrava mais
do lamentável episódio, esse processo coloca novamente na memória um fato que
não passou batido na época e que não deveria ganhar novamente uma desnecessária
repercussão. Qualquer que seja a decisão judicial é para ser cumprida, o que,
aliás, não é comum nesse país da impunidade, mas não vejo como a apresentadora
que já de desculpou várias vezes mesmo sem ter retirado o que disse possa voltar a público para retratar-se.
Se ela falou demais, falou e agora jogar mais lenha na fogueira só servirá para
colocar em discussão o medo que a população tem de criminosos que não podem ficar
nas mãos de justiceiros, mas também não podem ficar impunes. Resultado: a
lamentável “justiça pelas próprias mãos” volta a ficar no topo das discussões e
volta a embaralhar a cabeça da amedrontada população. Melhor seria se o
superado e praticamente esquecido comentário fosse arquivado e o tema voltasse
a ser discutido sim, mas para buscar uma solução sem quer haja castigos e
principalmente o cerceamento de opiniões. Esse tipo de censura o Brasil não quer
mais. Nem precisa porque vive em um estado absolutamente democrático. (Eli
Halfoun)
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