sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Tempo, tempo e mais tempo. Quanto mais melhor


O comportamento humano é sempre muito estranho e na maioria das vezes dolorido simplesmente porque não nos acostumamos a viver com uma realidade que por pior que se apresente sempre tem um lado positivo que podemos e devemos colocar em primeiro plano.
Estranhamente preferimos deixar no topo da lista os movimentos físicos e emocionais de vida que só nos incomodam. É como se tivéssemos necessidade de destacar os problemas para por pura satisfação tentar vencê-los, o que nos faz vitoriosos, mas nem tanto. A vitória maior da vida é conviver com o bom que a vida nos mostra e ensina. Quando, é claro, queremos aprender.
O que também se coloca sempre de forma muito estranha e paradoxal é que quanto mais o homem faz para ganhar seu tempo de vida essa vida e esse tempo assusta e quase derruba.
É comum homens e mulheres não conseguirem aceitar o novo formato físico que o tempo impõe: geralmente mal conseguimos conviver com as mudanças físicas naturais para quem brigou tanto para ganhar mais tempo de vida. Parece que a contagem dos anos vividos e conquistados só serve para nos atormentar nos aproximar mais da morte, de um fim que é a única certeza que carregamos desde a infância.
 A idade costuma fazer com que mal consigamos nos olhar naturalmente no espelho para não enxergar as marcas da vida, fingir que elas não existem. É um erro esquecer de perceber que as rugas e que as marcas que se acumulam e as gordurinhas, os cabelos brancos e as limitações corporais também.
Nesse aspecto o importante é perceber que todas essas marcas não representam nenhuma perda. Pelo contrário: é o ganho maior a nos mostrar que estamos inteiros e que conseguimos chegar até aqui. Que ainda nos resta muito tempo para percorrer no maravilhoso caminho da vida.
É nessa fase que começamos a nos preocupar com as imposições estéticas da vida moderna procurando disfarçar de todas as formas as conquistas físicas que a vida nos permitiu. Resultado: quase sempre nos tornamos escravos de cuidados que são necessários sim, mas que só são importantes para que possamos nos olhar no espelho sem medo. Perceba que o espelho não reflete necessariamente a beleza maior de uma vida conquistada e que insistimos em disfarçar apenas para ficarmos melhor aos olhos dos outros. Tudo bem que cuidados com a saúde, incluindo alimentação adequada e exercícios, melhoram a auto-estima, mas os exageros de submeter-se a todos os doloridos tratamentos estéticos e a repetidas e também doloridas cirurgias plásticas passam a ser um desnecessário exagero.
Afinal estamos querendo esconder o que? se o que temos hoje para mostrar com naturalidade é um troféu de vida. Conviver com a realidade é a melhor forma de estar bem e de continuar melhor sem fingir que o tempo não chegou e que esse foi o tempo que perseguimos e queríamos. Vale a perna refletir com a recente declaração da atriz Patrícia Pillar, que recebe a idade com a naturalidade de quem aprendeu a respeitar o seu tempo. Ela ensina: “   Não quero fingir que o tempo não passou. Tive muitos ganhos nessa estrada. Não gostaria de voltar no tempo”.

No fundo ninguém gosta. Basta não ter medo da vida e do tempo que ela representa e principalmente representou. (Eli Halfoun)

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