quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Nem a morte apagará a voz sincopada de Miltinho, o rei do nsuingue



Sempre que um cantor de sucesso nos deixa é normal dizer que a morte calou sua voz. É lugar comum e não é verdade: cantores deixam suas vozes eternizadas em discos, em DVDs e na memória do público que continua e continuará cantando a vida de quem se foi cantando. Miltinho é um desses artistas de quem se ouvirá a voz eternamente. Não chegou a ser um sucesso estupendo e meteórico, mas deixou para a Música Popular Brasileira um jeito diferente e pessoal de cantar com uma divisão musical que chamou atenção ainda como crooner como o conhecia na boate Drink em Copacabana, no Rio. Ninguém dividiu melhor a melodia do que Miltinho: não tinha aquela voz potente exigida em outros tempos dos cantores, mas tinha uma maneira sincopada de cantar que era (é) alegria para os nossos hoje tão sacrificados musicalmente ouvidos. Foi Miltinho sem dúvida quem valorizou o sincopado e fez escola de muitos seguidores entre os quais Zeca Pagodinho.Não se pode dizer que Miltinho despediu-se antes da hora (ninguém se despede antes), mas sua partida não deixa de ser um benefício para ele e para os que o admiravam. Aos 86 anos Miltinho sofria do Mal de Alzheimer e felizmente não precisou continuar convivendo com a terrível doença que debilita tantos idosos. Até na hora de parir Miltinho dividiu a vida com um sincopado         que foi a marca registrada de sua carreira e é hoje sem dúvida uma das mais importantes marcas na história da nossa música. (Eli Halfoun) 

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