A maior luta do homem através dos tempos tem sido pela liberdade. Não há nada mais importante do que ser livre em todos os aspectos. Mas é esse mesmo homem que grita tanto por liberdade que acaba transformando-se (e o que é pior por vontade própria) em prisioneiro de modismos, especialmente as novas imposições tecnológicas. Nada contra o progresso: todos reconhecem - e nem poderia ser diferente - que a tecnologia avança para facilitar nossas vidas e realmente tem feito isso. Faria mais se não nos deixássemos “aprisionar” por botões, fios, chips.
O exemplo mais presente é sem dúvida o telefone celular que deixou de ser uma até necessária facilidade. Virou uma praga, não só porque nos persegue o tempo todo, mas também por desenvolver uma perigosa e desenfreada febre de consumo. É bom lembrar que logo que o celular entrou no mercado brasileiro de telefonia a procura dos poucos consumidores que o podiam ter (era caro pra burro) limitavam-se a possuir um aparelho telefônico que fizessem o essencial, aquilo a que realmente se propõe: ouvir e falar.
Parece que hoje isso é o que menos interessa: todo mundo tem um celular e quanto mais opções oferece, melhor. Tem máquina fotográfica, tem rádio, tem filmadora, tem joguinhos, tem isso e aquilo e às vezes até serve para ouvir e falar. Esse exagerado consumismo continua sendo a algema mais cruel do celular e só é porque deixamos ser. Passou a ser uma imposta (por nós mesmos) obrigação atender o celular a qualquer hora e andar com o aparelho sempre ligado, como se fosses uma válvula do coração. Você está tomando banho, o celular toca e você, molhado e pingando, se despenca do banheiro pra atender. Na maioria das vezes uma ligação que não tem a menor importância. Mas que prisioneiro do aparelhinho torturante se atreve a deixar de atender. Pode ser importante, pensamos para justificar. Esquecemos que antes do celular todas as notícias, todos os compromissos nos chegavam a tempo e a hora e sem esse aprisionamento de que nos fizemos reféns.
O celular (tem de todos os preços) está hoje nas mãos de todas as pessoas e se por um lado facilita (mas, só até a hora de pagar a conta) a vida de quem não tinha telefone convencional por outro propõe uma agressão auditiva: os mais variados (e de mau gosto) toques de celular promovem uma terrível poluição sonora e até nos assustam, principalmente quando distraídos estamos. Sem contar que é rotina caminhar cercado por gente que ainda não se deu conta de que para falar ao telefone não é preciso gritar: se gritar resolvesse a comunicação não haveria necessidade de telefone. Bastava abrir a janela e solta a voz.
O telefone celular é útil, sim. É importante, é um necessário meio de comunicação, mas será mais perfeito quando aprendermos a lidar com ele e não nos permitirmos ser prisioneiros de um aparelhinho que supostamente veio para facilitar a vida, não pra complicar e aprisionar.
* Liberdade é o maior patrimônio da vida. Será sempre
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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