terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Crônica - BONEQUINHOS DE LUXO

A festa era na casa vizinha, em um condomínio de classe média, e lá estavam muitos convidados bem vestidos e exibindo relógios caríssimos, lindas pulseiras, grossos colares de ouro, roupas de marcas e de qualidade. Estavam todos verdadeiros bonequinhos de luxo e me dei conta que, de repente, cada convidado, às vezes até parentes e amigos íntimos, admirava uns nos outros jóias que não conheciam e que nem sabiam que o outro tinha.
Esse tipo de, digamos, descoberta tem sido comum em festas e reuniões sociais que não exigem que se ande pela rua ostentando o que, na maioria das vezes se ganhou com muito trabalho e sacrifício. O novo e violento tempo que estamos vivendo e que parece não ter fim já não nos deixa exibir a vaidade na rua: as pessoas estão – e tem toda razão – com medo de sair com jóias, roupas de qualidade e quaisquer outros objetos quer possam chamar atenção dos muitos ladrões que nos cercam em todas as ruas, em todos os bairros e todo momento. Do jeito que as coisas caminham quanto menos se mostra mais garantido, supostamente, a gente está e não é à-toa que os camelôs vendem mais relógios, mais bijuterias, mais objetos falsificados porque esses são os únicos que ainda podemos perder e que infelizmente, o cidadão de bem ainda pode usar e assim mesmo com muito medo de ainda assim ser assaltado e sofrer, por não ter nada que preste (a não ser a própria vida) todo tipo de violência diante de uma reação que é desaconselhável, mas que na maioria das vezes, até pelo fator surpresa, se torna uma reação inevitável.
As ruas (a Cinelândia, no Rio, é, por exemplo, um ninho de pequenos bandidos que só a polícia não quer enxergar) estão cheias de pivetes que em bando apavoram a população, assaltam sem dó nem piedade e se transformam nos donos das ruas, avenidas e praças pelas quais nós, que pagamos altos impostos, deveríamos poder andar livres e tranquilamente A época é de usar o que se tem de valor material apenas em casa como bonequinhos de luxo diante do espelho
* E tem muita gente que nem no espelho pode se olhar porque tudo o que possui foi, de uma forma ou de outra, roubado do povo

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