Uma imagem é marcante quando se quer
falar em modernidade: a que mostra o genial ator e cineasta britânico Charles
Chaplin todo atrapalhado com o mecanismo de uma nova máquina. A imagem virou o
peito retrato (pôster) de um tempo e ganhou espaço em todo o mundo. O filme é
de 1936, recebeu o título de “Tempos Modernos” e nele o personagem vagabundo criado
por Chaplin tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado.
Aqueles tempos modernos ficaram muito antigos quando se tenta acompanhar a
velocidade com que o mundo se moderniza e nos confunde.
A modernidade é fundamental e inevitável,
mas ao mesmo tempo em que nos permite avanços tecnológicos e científicos tem
feito com que seja cada vez mais difícil conviver com as descoberta que
supostamente melhorarão (se não forem bombas ainda mais destruidoras) o mundo,
mas nem tanto a vida de cada um de nós. A obrigatória convivência com o moderno
está limitando a emoção. Cada vez menos nos preocupamos com o que realmente
sentimos para cada vez mais apenas aprender a conviver com a tal modernidade,
que é fundamental sim para a vida profissional, mas perfeitamente dispensável
quando se trata de lidar com sentimentos e, portanto, emoções, coisas antigas e
que a modernidade por mais quer tente jamais conseguirá superar.
Conviver com o moderno é em primeiro
lugar aprender a não se deixar transformar em um robô de carne e osso. Nem
mesmo esse novo homem moderno pode (e deve) funcionar como se bastasse ligá-lo
na tomada e apertar um botão. Sentimentos não funcionam assim e se isso um dia
vier a acontecer o homem será apenas mais um máquina. Por enquanto e felizmente
somos apenas “escravos” das máquinas e de seus mecanismos às vezes cruéis
porque nos amedrontam e apavoram, mesmo que nos permitam um futuro melhor. Mas
será que existe e existirá futuro melhor sem emoção e, portanto, sem amor?
Que venha sim a modernidade, mas que não nos
tire o que temos de mais inteiro, verdadeiro e precioso: a emoção.
A modernidade até nos facilita a vida
em vários aspectos, mas paradoxalmente, também nos ameaça e engana. Tomemos
como base a modernidade científica: não é mais uma ilusão acreditar e,
portanto, nos enchemos de esperança, como se todas as mazelas de saúde realmente
terminarão um dia Mais precisamente no dia em que os modernos laboratórios que
fabricam remédios deixarem?
A modernidade só interessa aos laboratórios
até certo ponto: para eles, laboratórios, a doença sempre foi (é) muito melhor
do que a saúde porque, afinal, é das doenças que os laboratórios se alimentam.
As curas anunciadas pela modernidade jamais serão uma definitiva realidade.
Tudo bem que a modernidade científica
é só um amontoado de esperança, mas a modernidade da informática é presença
útil no dia a dia. Pode-se dizer sem medo de errar que hoje ninguém sobrevive
sem computador, mesmo que para muitos ele seja um forma de lazer. Perceba como
você virou refém da informática e está muito mais nas mãos do computador do que,
ao contrário do que acredita, ele na sua. O mesmo e cada vez mais moderno
computador que nos facilita a vida é também o que nos ameaça com criminosos golpes
aplicados via internet. O golpe maior da informática também é o emocional na
medida em que permite conversar (como se para conversar o olho no olho não
fosse fundamental), iniciar ou terminar uma relação afetiva com 140 toques no
Twitter, um recadinho via Facebook ou um também econômico e-mail, Todos
escritos de forma errada porque até as palavras a modernidade nos “rouba”. Hoje
você não precisa dizer para o parceiro um efusivo e apaixonado “eu te amo”. Basta
escrever r um “T amo”, que jamais revelará a verdade desse sentimento maior.
Evidentemente ninguém pode ser contra
a modernidade, mas é importantíssimo que não nos transforme em peças que dependem
de outras peças. Ser verdadeiramente moderno é saber viver e deixar aflorar a emoção.
Moderna e definitivamente. (Eli Halfoun)
Nenhum comentário:
Postar um comentário