quarta-feira, 31 de março de 2010

CRÔNICA --- Cidade limpa

Tem muita sujeira por aí, especialmente na política, da qual a gente não consegue se livrar. Esse tipo de imundice invisível costumamos empurrar para baixo do tapete e quando pensa que está, enfim, livre dela ela reaparece mais imunda ainda. E lá vamos nós empurrá-la outra vez para um cantinho, o que não limpa absolutamente nada, mas sempre dá um ar de limpeza. Pelo menos uma esperança.
Se esse tipo de sujeira nos faz sentir impotentes há outra, da qual também somos os culpados, que nos deixa circulando diariamente praticamente num chiqueiro. É a sujeira das ruas que por mais que se varra nunca desaparece e não desaparece porque nós a sujamos outra vez imediatamente após te sido varrida e não para debaixo do tapete.
Manter uma cidade limpa é questão de educação e nesse sentido nós não temos nenhuma: jogamos em qualquer parte papéis rasgados, latas vazias, maços e pontas de cigarro, papéis de bala e, se bobear, até documentos. E isso acontece mesmo quando existe por perto uma caixa coletora de lixo. Parece vício, uma estanha mania de querer viver na sujeira, mesmo sabendo que uma cidade limpa melhora a qualidade de vida.
A distribuição de felipetas de propaganda é sem dúvida uma das maiores responsáveis pela sujeira que se espalha por todas as ruas. Pode não ser a mais eficiente, mas é a maneira mais barata de fazer propaganda e o que se vê por aí são dezenas de desempregados distribuindo papéis (praticamente nos agridem e nos assustam para que apanhemos uma felipeta) que são imediatamente jogadas ao chão sem sequer serem consultadas. Na verdade não sabemos que tipo de ofertas estão nesses papeizinhos que jogamos no chão para ao final do dia amontoar, como se pudéssemos ter orgulho disso, um monte de sujeira. Sujeira inútil.
Não, não se trata de proibir a distribuição de felipetas (qualquer tipo de proibição é absurda), mas sim de criar mecanismos que obriguem a que se faça uma limpeza ao final de, digamos, um dia de expediente. A distribuição das felipetas acaba, sim, proporcionando trabalho (emprego é outra coisa) para dezenas de pessoas que não conseguem trabalhar nesse país (que precisa tanto de mão de obra de todos os tipos) de ainda muitos desempregados. O primeiro passo para evitar que a cidade continue sendo transformada num enorme latão de lixo é reeducar o povo. Acabar com o maldito vício de achar que a rua é uma lata de lixo, ensiná-lo a dar mais um ou dois passos até encontrar local apropriado para desfazer-se do papel que não serve para absolutamente nada e que ele, o transeunte, só recebe por receber.
É difícil, muito difícil, reeducar pessoas que já se acostumaram a fazer das calçadas uma lixeira, mas uma é preciso tentar e buscar fórmulas quer conscientizem até o mais absurdo dos “sugismundos”. Afinal, uma cidade limpa (limpa de tudo) é uma cidade mais saudável, mas viável, mais elegante e é o retrato de uma população que é limpa em tudo. Está em nossas mãos limpar a cidade e o país, de todas as sujeiras. As visíveis e as invisíveis. É só aprender a evitar que o lixo se acumule. É só não jogar lixo em qualquer lugar e não colocar lixo onde não se deve. Em Brasília, por exemplo. Para isso existem várias vassouras.
* Uma delas é o voto

Nenhum comentário:

Postar um comentário