O Rio, cidade maravilhosa que muita gente tenta, mas ninguém consegue destruir (o Rio é natureza e a natureza é a mão de Deus), tem muitas características e uma das mais tradicionais e gostosas é sem dúvida a de seus botequins, especialidade carioquíssima de jogar conversa fora que, se não me engano, só existe, nesse estilo “jogadão” e amistoso, por aqui.
Exatamente por ser uma deliciosa marca carioca decidiu-se escolher, através de votação, inclusive popular, os melhores botequins da cidade, tarefa que todo ano não é das mais fáceis: são mais de mil botecos que se espalham por aí e cada freqüentador tem o seu preferido e “disparadamente o melhor” milhares.
Botequim, qualquer que seja, tem a alma carioca e mesmo entrando nesse ritmo “modernoso” (e horrível) de decoração, não perde o principal sentido: reunir pessoas de todos os tipos e que nem sempre precisam gastar muito (tem sempre um novo amigo pagando uma cerveja coletiva) para passar uma agradável noite de conversa e muitas vezes de discussões sem fim, mas que mesmo assim servem para nos fazer aprender alguma coisa. Existem os botequins badalados e que certamente estarão na lista dos melhores, mas a verdade é que o melhor botequim é sempre aquele que fica pertinho de casa e no qual nos abrigamos nos momentos de solidão até porque em botequim ninguém nunca está sozinho: tem sempre um freguês ao lado para conversar e no mínimo está ali sempre, o moço do balcão que geralmente sabe e conta muitas histórias. Também sabe ouvir. Muitas vezes quem está no botequim só quer mesmo é ser ouvido, o que geralmente muitas vezes não consegue nem em casa com a televisão monopolizando o dia inteiro as atenções.
É nos botequins da vida, ouvindo ou só olhando quem por ali está que se recolhem as melhores histórias e, muitas vezes, profundos ensinamentos. Tem muita gente, repare só, que faz do botequim a extensão da própria casa e é nele que recebe os amigos, encontra novos parceiros e até novas perspectivas de vida. Felizmente o Rio está repleto de bons botequins.
* É por isso que continua cheio de vida. Lindo
quinta-feira, 18 de março de 2010
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