quarta-feira, 3 de março de 2010

Crônica - ALTERNATIVA SAÚDE

No centro do salão o bufe oferece uma farta variedade de comidas; na mesa ao lado da minha um jovem casal discute o que pode ou não pode comer. Isso não é permitido porque tem muito colesterol; aquilo é proibido porque faz mal ao coração; aquele outro prato deve ser evitado porque prejudica outra função do corpo. A discussão parece ser interminável, mas de repente o casal se levanta vai em direção ao festival de comidas do bufe e volta com o prato servido de algumas folhas de alface e outras coisas que não parecem ter a menor graça para o paladar.
Nos restaurantes, nas reuniões sociais e até em casa essa cena ficou comum desde que buscar a longevidade ganhou força na escolha dos alimentos ditos adequados. O resultado é que vê gente menos feliz comendo o que não gosta e abrindo mão de prazeres gastronômicos que certamente lhes faria menos mal porque representam fazer (e comer) o que se gosta. A medicina está cumprindo seu papel de orientar, mas com tamanho volume de orientações, (que, aliás, mudam a cada dia) o que se está fazendo é encher as pessoas de culpa e dúvidas. As pessoas sofrem muito mais com a culpa por terem ingerido o que supostamente não é permitido do que com o mal que o alimento propriamente dito possa realmente vir a fazer.
A busca de uma melhor qualidade de vida é o argumento para essa preocupação alimentar. Mas será que viver sem comer e sem fazer o que se gosta é realmente conquistar uma melhor qualidade de vida? Não é raro ouvir histórias de pessoas que chegaram aos 100 anos e nunca se submeteram a nenhuma censura alimentar e nunca deixaram de fazer, mesmo com idade avançada, o que gostavam. A vida lhes impôs, sim, limitações físicas, mas também essas, de uma forma ou de outra, tiraram de letra. Nossos avós viviam e morriam mais felizes porque não se preocupavam tanto assim com a morte, mas sim e somente com os prazeres da vida.
É verdade que na busca dos alimentos adequados muitas opções tem surgido e algumas até apetitosas. Mesmo quem está proibido de consumir aquela cervejinha gelada acompanhada de um bom papo nos fins de semana já tem uma boa e feliz alternativa: a cerveja sem álcool que engana direitinho o velho consumidor de loura gelada. Muitas outras alternativas estão chegando e assim será possível ser mais feliz mesmo tendo que enfrentar mil e uma proibições, às vezes exageradas.
* Depois da cervejinha, só falta lançar o cigarro sem nicotina. O que, tenho certeza, não demorará muito.

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