O dia inteiro foi de um festival de reclamações (nenhuma novidade: reclamos sempre de tudo) no sobe e desce escada, exercício imposto pelo corte de energia elétrica que parou os elevadores, desligou as geladeiras, silenciou os computadores. Praticamente parou a vida dos prédios, das lojas, de tudo. Era como se o mundo não girasse mais. Eram quase sete horas da noite, mais de meia hora após o prazo previsto para os necessários reparos na rede elétrica, quando a luz voltou a brilhar paras mostrar como nesses dias modernos a energia elétrica (como será que um dia o mundo viveu sem luz?) faz uma falta brutal.
Elevador cheio, todo mundo - que novidade! - reclamando. Apenas uma senhora beirando os 100 anos de idade estava ali serelepe, animada. Orgulhosa comentava: “subi e desci umas três ou quatro vezes e foi ótimo”. Era a única que tinha motivos físicos para reclamar, mas não o fazia. Pelo contrário: ria da situação. Um riso saudavelmente feliz, como deveria ser o riso de todos os idosos. A magrinha e durinha senhora é conhecida no prédio: vive pra cima e pra baixo, sempre sorrindo, caminha a rua inteira. É um exemplo ambulante de que a velhice não é doença. É experiência.
O velhinho de pijama e chinelo, sentado o dia inteiro no sofá da sala não é mais, felizmente, a imagem que se tem dos idosos, embora uma grande parte deles ainda não tenha entendido que idade avançada não é limite para nada. Velho não tem idade. Tem vida.
Quem aos 60, 70, 80 anos ou daí em diante, só fica pensando no passado (que, aliás, só serve para escrever livro) deixa o presente passar. Pensar no futuro é fundamental. Ficar esperando o tempo passar é perda de tempo. Conviver com a idade é, às vezes, muito difícil. Fica mais complicado quando a idade se transforma em um peso, em uma inútil espera da morte, que virá sim, mas ninguém, ninguém mesmo, sabe quando. Até lá sempre haverá muito a fazer e descobrir. Todo dia é possível descobrir alguma coisa. A vida é uma diária caixinha de surpresas. Então deixemos que ela nos surpreenda...
Não se trata de ditar regras de vida. Até porque a vida só tem uma regra: viver.
* Fazer um tempo feliz todo o tempo
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
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Intensamente Eli. Intensamente!
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