sábado, 23 de janeiro de 2010

Crônica - OS ANJOS ESTÃO DESCENDO TODOS OS DIAS

Estamos cada vez mais pessimistas e quase nunca nos damos conta disso: parece que diante de tudo o que acontece no mundo o pessimismo passou a ser ingrediente de forte tempero nessa salada da vida. Toda vez que se fala no nascimento de um bebê, de uma nova vida, o pessimismo se impõe diante da alegria e o pensamento comum é faz o mesmo: para que colocar mais uma criança nesse mundo absurdo e cruel, um mundo que de pessimismo em pessimismo nós mesmo construímos. Continuamos construindo.
Nenhuma preocupação pessimista consegue ser mais forte – ainda bem – do que a emoção quase divina quer se apossa de nós quando mais uma criança chega para, mesmo sem abrir direito os olhos nos fazer ver que a vida é inteira e seguirá em nós e na na vida que acabou de florescer. Crianças saindo do adubo da mãe são, sim, como flores que fazem todos os caminhos parecerem arco-íris.
Sem palavras os recém nascidos nos dizem que o mundo está aí e que se podemos povoá-lo cada vez mais é porque temos também a capacidade de mudar aquilo que nós mesmos, por ganância, medo ou covardia impusemos a esse mundo que é, acreditem, nosso. Quem está nascendo agora nos faze renascer. Bebês são anjos e os anjos estão descendo todos os dias, para nos alimentar de vida, de sonhos, das mais completas emoções.
Os anjos recém nascidos chegou para nos fazer entender que enquanto houver novas vidas, novos anjos descendo pacificamente do céu, haverá possibilidade de recriar o mundo e de perceber que o pessimismo é um veneno fatal para a alegria, o otimismo e a felicidade.
Nada pode justificar o pessimismo: qualquer justificativa é mais um dose amarga de pessimismo. Não é isso o que os anjos que estão descendo nos dizem sem palavras. Com uma pureza que até as palavras costumam destruir na sua contundência. É doloroso e amedrontador: um anjo-menino foi arrastado preso ao cinto de segurança de um carro até a morte, outro menino-anjo foi baleado na favela. Muitos anjos-meninos são vítimas diárias da violência que nós, que também já fomos anjos-meninos, criamos. Esses anjos-meninos voltarão em forma de outros anjos. Vai ver passaram por aqui rapidamente só para quer possamos ver o quanto nos fizemos cruéis e pessimistas e o quanto é preciso mudar. Antes que não dê mais tempo.
Os anjos chegam todos os dias para ensinar a redescobrir a vida. É por isso que eles não chegam chorando. Chegam cantando. Nós é que achamos que é choro. Não é não. É uma sinfonia. De vida.
*A mais bela sinfonia de esperança e de mudança que se possa ouvir

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