Primeiro o que se ouvia o dia inteiro era feliz natal. Depois veio a fase do “feliz ano novo”. Nem deu tempo de permitir descanso aos ouvidos para novas (?) e repetidas frases entrarem no cenário: “Foi bem de natal?" “Foi bem de ano novo?"". Como se a maioria das pessoas que nos desejam ou perguntam isso estivessem realmente interessadas em saber as respostas verdadeiras e nós também tivéssemos interesse em responder o que realmente nos vai à alma e não um “tudo bem” forçado, mesmo que nada tenha sido tão bem. Respondemos para ficarmos livres do lugar comum em que se transformam essas perguntas que parecem ter algum interesse, mas são completamente desinteressantes. Pergunta-se só por perguntar. Responde-se só por responder.
Mal nos livramos das repetitivas perguntas de final de ano e uma nova e também chatíssima toma conta do pedaço: “ta animado para o carnaval?”. São essas “reprises” (todo ano acontece a mesma coisa) que fazem o Rio ser uma festa constante. Agora, por exemplo, tudo está sendo adiado para após o carnaval, como se diante de tantos problemas pessoais e sociais tivéssemos tempo para adiar alguma coisa, as menor que seja.
Mas o que fazer? Resta entrar no ritmo e esperar com paciência até porque sabemos que embora oficialmente o ano começa no dia 1 de janeiro na prática não é bem assim: só começará pra valer depois do carnaval. Por falar nisso: “ta animado pro carnaval?”.
Não haveria nenhum mal nesse eterno ritmo de festa se o país caminhasse direitinho e não usasse as festas como desculpa para ficar adiando tudo. Como, aliás, faz com ou sem festa no meio do caminho. Pessoalmente as festas funcionam de maneira diferente para cada um de nós, mas no inconsciente coletivo é a melhor forma de fugir da verdade, de enxergar o que realmente nos cerca e do quanto podemos e devemos fazer. Cada vez mais.
A alegria da festa, de qualquer festa, só é completa se estiver acontecendo dentro de cada um de nós. Não adiante botar o bloco na rua e sair perseguindo uma alegria, uma festa que só acontece externamente. Para que a festa, a alegria, o feliz natal, o feliz ano novo, o animado carnaval, sejam de total e completa satisfação é fundamental estar consciente de que esse tipo de festa é coisa passageira. A festa maior só acontecerá quando não precisarmos fugir da verdade escondidos dentro de uma fantasia ou atrás de um sorriso festeiro que é apenas aparente. A festa mais completa e mais importante é a que se coloca para cada um de nós no dia a dia. Uma festa que nós, apenas nós, podemos fazer melhor para todos.
* É a festa da vida
sábado, 9 de janeiro de 2010
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