Para um país em que a população ainda tem muita dificuldade de botar comida na mesa, embora as coisas tenham melhorado um bocado, a televisão oferece um variado cardápio de programas sobre culinária. Quer dizer: o brasileiro não tem comida para comer, mas não falta comida para ver, como se apenas ver pudesse acabar com a fome (pelo contrário: aumenta). Estranho é que todos os programas que ensinam receitas sofisticadas são dirigidos para o público que menos consome televisão: o povão, que é o grande público, não tem poder aquisitivo para preparar os pratos caros e sofisticados sugeridos e ensinados com riqueza de detalhes. O que nunca entendi é por que programas por que de culinária devem limita-s a ensinar a preparar receitas. Deveriam ser em primeiro lugar programas jornalísticos que além de receitas mostrassem a origem dos pratos, a história dos produtos e muitos outros interessantes detalhes. Programas de culinária permitem boas pautas jornalísticas, mas parece que não há na televisão o menor interesse em oferecer cultura, que pode e deve ser o melhor tempero de qualquer receita e programa.
Quem mais se aproxima disso é Olivier Anquier que tenta oferecer através de seu bom ”Diário do Olivier” mais do que técnicas e segredos para preparar um bom prato. Anquier viaja Brasil e pelo mundo e se não faz ainda (vai chega lá) um perfeito programa jornalístico de culinária está muito próximo disso. Assim seu “Dário” tem realmente mais sabor. (Eli Halfoun)
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