terça-feira, 24 de abril de 2012

CRÔNICA -------- Excesso

A palavra excesso representa sempre um iminente perigo. Vejamos: comer é saudável, fundamental e prazeroso, mas comer em excesso é perigoso; beber socialmente com os amigos deixa de ser um prazer quando se bebe excessivamente. Beber demais todo mundo sabe leva ao alcoolismo, além de criar outros e sérios problemas de saúde; fazer sexo é maravilhoso, mas também nesse caso o excesso é desgastante e não só fisicamente. Resumindo: o excesso é sempre um perigo e por isso mesmo precisa ser evitado. Desde que se impôs que emagrecer é preciso um novo excesso se tem feito cada vez mais perigoso: o excesso de informação. A moda dos regimes, ou seja, a ditaduras da magreza a qualquer custo anda fazendo a mídia comete perigosos exageros. A função jornalística é informar, mas no caso dos regimes e das “curas” milagrosas o excesso de informações e indicações mostra que “orientação” demais pode transformar-se em desinformação. Todo dia tem em toda a mídia um grande número de informações “milagrosas” para quem quer (às vezes nem precisa) emagrecer. Se hoje o regime certo e o remédio supostamente ideal é esse ou aquele, amanhã um novo volume de informações mostrará que não é bem assim e que tudo mudou: toda hora tem um médico em programas de televisão trazendo informações que sempre contrariam as orientações prestadas (muitas vezes pelo próprio médico) na véspera. Com esse abundante número de informações o que se cria para o público é uma grande confusão: ninguém sabe realmente o que é certo ou errado. Evidente que todos querem informar mais e melhor, mas informar melhor não é necessariamente informar demais. Excesso é sempre ruim e até o excesso de amor pode ser incômodo para quem ama ou é amado demais. Anúncios de remédios são outro dos perigos cometidos pelo excesso. Em pílulas, cápsulas ou líquidos a indústria farmacêutica tenta vender de tudo, mas cabe ao paciente não cair na armadilha do excesso de ofertas. Ao paciente cabe em primeiro lugar aprender que nenhum medicamento, assim como nenhum regime, pode ser utilizado sem acompanhamento de um médico de respeito (tem muito médico por aí querendo apenas ganhar dinheiro fácil). As coisas mudaram e se no tempo da vovó as comidas eram preparadas com banha de porco, agora a gordura desse mesmo porco virou um veneno, assim como o ovo deixou de ser o vilão do colesterol e, portanto, do coração. Em matéria de cura para doenças e de dietas “milagrosas” não se pode continuar oferecendo ao público esse nocivo excesso de informações porque assim não se está prestando um serviço, mas sim alimentando cada vez mais uma grande confusão. Que pode levar a excessos ainda mais perigosos. (Eli Halfoun)

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