sábado, 21 de abril de 2012
CRôNICA ------- Conta dividida
Até diante de um bonito, farto e saboroso prato de comida é triste a sensação de estar sozinho em uma mesa de restaurante. Restaurantes não foram feitos apenas para almoçar ou jantar, mas sim para ganhar um tempo de conversa com a parceira, a mulher que se quer conquistar com os amigos ou os filhos.
Quando se está sozinho em um restaurante a solidão fica mais temperada de realidade e medo. Nesses momentos passamos a prestar - até por intuição - atenção nas conversas alheias, como se delas estivéssemos participando. Não é simplesmente uma natural curiosidade, mas sim a necessidade de criar a ilusão de que não estamos sozinhos.
Dae repente você pode percebe um casal (as alianças confirmam que são casados). Reparei recentemente que na hora de pagar a conta ele tirou o dinheiro da carteira e ela da bolsa, o que mostrava claramente que o valor da conta seria dividido. Esse tipo de atitude é está ficando comum e deixa cada vez mais distante o tempo em que o homem fazia questão de bancar a despesa. Não por educação, mas sim por absoluto machismo: homem que não pagava a conta não era homem.
A relação com o dinheiro sempre foi difícil e o desemprego foi deixando muitos homens distantes dos salários. Agora o comportamento masculino mostra que o novo tempo é de reconhecer a capacidade profissional das mulheres e aceitar que agora elas são perfeitamente capazes de bancar financeiramente qualquer parada. Até os maridos parados.
Muitos homens ainda sofrem em ter que aceitar a nova realidade, mas já a aceita com menos machismo, maior tranqüilidade e menos vergonha. Não são poucas as casas sustentadas atualmente com o trabalho feminino. A mulher tem se afirmado competente em todos os setores, embora em algumas tarefas ainda sejam discriminadas e ganhem salário menor do que o pago ao homem pela mesma tarefa. Isso também vai mudar como está mudando a visão dos homens em ter a casa sustentada pela mulher. O perigo é o homem acomodar-se a esse tipo de situação e querer passar o resto da vida no come-e-dorme.
Não é nenhuma humilhação deixar de ser o “chefe da família” e reconhecer que a mulher é mais bem sucedida financeira e profissionalmente. Aceitar com tranquilidade, mas sem acomodação que a mulher pode ser o porto seguro da família não faz ninguém ser menos homem. Pelo contrário: mostra uma grandeza que os homens levaram tempo para reconhecer e aceitar. Afinal parceria perfeita é a que permite cada um bancar o jogo na hora em que estiver com a bola melhor dominada. (Eli Halfoun)
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