Domingo. Você acorda, olha pela janela e dá de cara com o sol sorridente fazendo brilhar toda a cidade, todos os sonhos, todas as vidas. O dia está lindo e convidativo. A primeira coisa que você pensa é “hoje vou passar o dia na praia aproveitando esse sol maravilhoso”; E até certo ponto um pensamento animador já que ao mesmo tempo de “refrescar-se” e “pegar uma cor” ir a praia atualmente pode significar também inevitáveis preocupações. Quando o fim de semana chega ao fim é comum encontrar nos jornais narrativos de violência vividas ou presenciadas nas escaldantes areias (cada vez mais quentes de perigo). Nossas praias já foram apenas sinônimo de diversão e de prazer. Não são mais.
Não sou um entusiasmado frequentador de praia, mesmo tendo morado em gente a ela durante muitos anos. Nunca me encantou ficar “torrando ao sol” ou dar um mergulho para em seguida virar um bife à milanesa com areia colada por todo o corpo. Sempre preferi o barzinho em frente em frente ao mar e a companhia de um chope gelado, hoje substituído por suco, refrigerante ou água.
Divertir-se na praia está virando um quase sacrifício: a linda areia que nos convidava a sentar e a deixar o olhar perder-se na imensidão do mar azul virou uma espécie de areia movediça que pode nos engolir a qualquer momento.
O democrático prazer de ir à praia (a única diversão ainda gratuita e, portanto, permit8da para todos) não é mais o mesmo: é preciso estar atento a tudo e a todos para não perder a carteira, os óculos escuros, o boné, a toalha e se bobear até a sunga. Os ratos de praia estão nos levando tudo. Principalmente a tranquilidade.
A qualquer momento a turma pode se assustar com qualquer coisa e o lazer ir para o espaço diante de um arrastão, uma bala perdida e muitas outras ameaças.
Nossas praias, das quais tanto nos orgulhamos, deixaram de ser uma diversão sadia e agradável. Se as coisas continuarem assim qualquer dia teremos de frequentá-las usando colete e sunga a prova de bala. Aí o perigo será afundar com tanto peso. Hoje estamos afundando (e afundados) em preocupações que com policiamento poderiam ser perfeitamente evitadas. (Eli Halfoun)
quinta-feira, 19 de abril de 2012
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