domingo, 15 de abril de 2012

CRÔNICA ----- Pé na estrada

O Brasil é grande. Grande em tudo. É enorme em extensão, é imenso em corrupção, é exagerado em violência, é campeão da fome, do desemprego, da falta de saúde. Talvez seja viver no aumentativo o que nos faz pretensiosamente grandes.
Basta viajar de ônibus até São Paulo para perceber o quanto também é enorme a nossa mania de grandeza: a estrada é povoada de reis: rei da pamonha, rei do pastel, rei da picanha todos cercados pelas maiores oficinas mecânicas.
É inevitável constatar também o quanto de terra abandonada e aparentemente desperdiçada ainda cerca o país, o que torna ainda mais inadmissível que exista tanta gente, Brasil afora, sem lugar para morar e sem ter o que comer, mas será que essas pessoas estão dispostas e não só demagogicamente as morar longe e produzir o próprio alimento. Claro que não: preferem aglomerar-se na esperança dos grandes centros urbanos, mesmo que para isso tenham que mendigar por um prato de comida.
Na escuridão da noite não é difícil perceber o quanto os caminhoneiros são importantes - verdadeiros e solitários heróis que carregam em quatro rodas o futuro e levam para muita gente comida, esperança e progresso. Obrigados a vencer o cansaço, o medo e a solidão os caminhoneiros circulam sozinhos e se fazem os donos das estradas conduzindo imensas carretas.
A viagem de menos de seis horas nos faz “viajar” também em pensamentos quer nos remetem ao passado e nos transportam para o futuro. Os exageros dos reis de tudo não deixam de nos aumentar a esperança de ver nossa terra ser civilizadamente utilizada. Os quilômetros de terra praticamente abandonada nos deixam a certeza de que o Brasil é grande sim, mas se faz pequeno por não por não ter aprendido ainda a ocupar os espaços. Nosso espaço em tudo.
Ocupar espaço é alimentar a vida, é fugir das cruéis imposições que as cidades grandes impõem porque estão pequenas para tanta gente e tantos sonhos. É gente que pode fazer o país crescer mais e melhor.
Com o esforço do trabalho e a força da esperança (marcas registradas do brasileiro) seguiremos sempre caminhando em frente e buscando o melhor destino. Afinal, a esperança também precisa circular pela estrada. Por todas as estradas do país e da vida. (Eli Halfoun)

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