É cedo ainda mas a manhã já começa a ficar agitada. São pessoas correndo ( o carioca, que já curtiu até o andar na rua agora parece ter pressa para tudo) para o trabalho num vai-e-vem que fica nervoso no dia que mal começou. E já há muita gente, celular em punho como se fosse uma arma, falando sem parar, apenas pela necessidade de falar.
Em meio aos bem arrumados homens e mulheres um mendigo, sujo, muito sujo, e rasgado parece estar bem à vontade: mão espalmada no ouvido fala no seu fictício celular: ”tá bom, meu bem. Qualquer coisa me liga. Um beijo”. Desliga e imediatamente faz outra “ligação sem descolar a mão-telefone do ouvido: “Agora estou ocupado, preciso resolver algumas coisas. Mais tarde a gente se fala”. E segue conversando sem ter muito o que dizer, como costumam fazer quase todos os usuários do telefone celular.
A cena confirma o quanto o celular passou a ser importante, fundamental até, na vida de muitas pessoas. Já foi demonstração de status mas hoje não é mais: compra-se um celular baratinho em qualquer esquina, o que significa que só não tem um quem não quer, mas todo mundo quer ter um, mesmo que não tenha nenhuma utilidade e só sirva para jogar conversa fora e pagar caro, muito caro ,por isso. Quem, fala demais, no celular ou não, costumas pagar pela língua. Sempre
O celular é útil, sim, para muita gente mas acabou transformando-se num incomodo para quem está ao lado do usuário-celular. Tem sempre alguém gritando perto de seu ouvido, provocando um grande susto em transeuntes que já vivem assustados com medo das violência. Você está no cinema, no restaurante, na boate e até na igreja e, invariavelmente, toca um celular para estragar a festa. É muito comum também ver pessoas dento da piscina do clube com o celular ( parece até que o telefone sabe nadar) no ouvido. O que será que essas pessoas tem tanto para falar num momento de descontração e diversão.
O telefone celular é um objeto extremamente mal educado que interfere em conversas, incomoda e atrapalha a vida de muita gente e também se transformar numa espécie de alcaguete que pode revelar a qualquer minuto, aonde você está. Só não faz isso se você mente. Falar ao telefone celular deixou de ser uma necessidade e virou uma diversão. Talvez porque esteja realizando o sonho de quem nunca conseguiu ter um disputado telefone convencional.
Tem muita gente que não suporta telefone celular ( me incluo entre esses) porque entende que o telefone, assim como o cartão de crédito, só é para ser usado em momentos de urgência, de extrema necessidade. Mas a febre do celular ( até o mendigo quer ter um - e tem mesmo que de brincadeira) acabou fazendo com que a sua utilidade ficasse em segundo plano. Celular hoje é, na maioria das vezes, para conversar fiado e mostrar que tem um. O celular virou - e está cada vez mais - um novo instrumento de tortura.
* Até que se aprenda a utilizá-lo decentemente. E com educação
sexta-feira, 30 de abril de 2010
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