quinta-feira, 15 de abril de 2010

CRÔNICA ---- Presença de festa

Pode ser que ninguém esteja comprando coisa nenhuma, mas o movimento nas lojas, nas ruas, nos camelôs já dá sinais de que começou o movimento para as festas de fim de ano, época de gastar o que não se tem, de desperdiçar o 13o salário. O comércio sempre reclama dizendo que a tendência é de uma grande queda no volume de venda de presentes,mas não é o que realidade menos “chorona” mostra Na medida em que o final de ano fica mais perto compra-se desde agora de tudo, dos mais caros produtos até os mais simples geralmente adquiridos em lojas de R$ 1,99 que já foram umas febre e que entre as que resistiram ao modismo, não se encontra quase nada por esse preço e quando se encontra é mercadoria quer não presta.
Fico imaginando que se não tivéssemos criado essa obrigação da troca de presentes as certamente seriam mais verdadeiras, mais humanas, mais completas. E menos comerciais em tudo. Se mesmo quem pode gastar não se obrigasse a comprar presentes e mais presentes as festejos, especialmente as do de fim de ano, poderiam ter, enfim, o seu verdadeiro espírito resgatado.
Do jeito que tem sido até festa natalina acaba sendo para muita gente apenas mais uma frustração ou, no mínimo, mais um problema: na ânsia de cumprir a obrigação de presentear acaba-se adquirindo dívidas e outras tantas decepções. Espera-se ganhar o que não se pode, espera-se comer o que não se tem e os sonhos ficam mais distantes da realidade. Esquecemos que o presente é só uma obrigatória formalidade que na maioria das vezes nem tem tanta emoção assim embrulhada no mesmo e colorido papel de presente, desses que servem para fazer mais vista.
Ninguém reage (as pessoas morrem de medo de romper com velhas convenções e tradições, mesmo que não façam mais sentido) e assim as festas continuarão o sendo apenas uma formal troca de presentes, um toma lá dá cá que não significa nenhum tipo de afeto.
Não é o presente que se deve fazer presente na festa (qualquer que seja), mas sim a presença inteira, solidária, carinhosa, repleta de amor como pede e realmente manda a emoção . Enquanto apenas trocarmos presentes não saberemos de nada: festa será somente uma noite de fartura gastronômica para uns e de mais fome para outros; de sonhos para muitos e de frustrações para outros tantos ( talvez a maioria).
* Até que consigamos enxergar e entender que a presença é muito mais importante do que qualquer presente

Um comentário:

  1. É sempre bom ler tudo que o Eli Halfon escreve, eu diria ele tem o dom da palavra! Com ele aprendi muito mais do o dom das palavras mas o dom da vida e da perceverança! Obrigada Eli, por tudo que aprendi com você nos tempos que morei no Rio e que tive o prazer de conhecê-lo!

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