As novelas brasileiras, sem dúvida as melhores do mundo, ganharam tamanha qualidade e elencos tão talentosos que ninguém mais tem vergonha de assumir que assiste – e até acompanha atentamente – as novelas. É uma conquista da televisão e o fim da hipocrisia que levava muitos telespectadores a negar que assistiam novelas ou outros programas de televisão.
Era uma época em que todos os quartos de empregada “ficavam” na sala e tinham um aparelho de televisão constantemente ligado: todo mundo sabia o que acontecia nas novelas, mas fazia questão de, com vergonha de ser noveleiro, dizer que via novela, sim, mas só quando passava pelo quarto da empregada, a dependência mais visitada e usada de qualquer casa. Hoje todo mundo vê novela, discute as muitas situações desenvolvidas na trama e espera ansiosamente pelo próximo capítulo.
Uma coisa em especial chama a atenção nas novelas: em todas as novelas as relações de amor são sempre muito, mas muito mesmo, complicadas. Pode-se argumentar que esses desencontros afetivos são necessários para garantir o interesse do público. Mas se a novela, como afirmam muitos autores, procura buscar na realidade a sua inspiração maior, fica realmente uma preocupante questão: será que como na ficção na vida real o amor é também tão complicado assim?
Os capítulos diários da vida nos têm mostrado que o amor não é tão dolorido (na verdade amor não dói, a falta dele, sim) e complicado quando nós o fazemos ser, por insegurança, medo, egoísmo e outros desnecessários sentimentos. Nós é que, geralmente, complicamos tudo. Esperamos tanto do amor (e é de se esperar muito dele, sim) - e não falo só de amor entre duas pessoas, mas do amor entre todos. As diferenças afetivas entre casais são problema que só interessa (ou deveria interessar) aos envolvidos, mas acabam de uma forma ou de outra, sendo um reflexo dos desentendimentos de amor do cotidiano geral.
Parece que, como nos romances das novelas está ficando muito difícil simplesmente amar (e amar com a simplicidade é o que o verdadeiro amor exige) o próximo, perceber que em cada ser humano, por mais amargo e sofrido que a vida o tenha feito há muito amor para buscar. E para dar.
* Só assim teremos, como na ficção, um esperado final feliz para todos. E
domingo, 11 de abril de 2010
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