quinta-feira, 29 de abril de 2010
Casais homosssexuais podem dar uma família feliz para crianças adotadas
Em um país como o nosso que vive disfarçando e empurrando para debaixo do tapete os seus múltiplos preconceitos é sem dúvida histórica, como disse o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luís Felipe Salomão, a decisão de permitir que casais homossexuais possam adotar crianças. O assunto levado a julgamento pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, é um exemplo para o mundo, mas mesmo assim ainda renderá muitas discussões que uma ver mais não conseguirão disfarçar o preconceito do brasileiro contra o homossexualismo. A decisão do STJ certamente ajudará a derrubar outros (muitos) preconceitos absurdos que deixam qualquer país em atraso nas suas relações humanas e sociais. Casais homossexuais bem estabelecidos podem dar às crianças a oportunidade de crescerem em uma família e sem, ao contrário do que se pensa, nenhum trauma sexual: casais homossexuais não ensinam a seus “filhos” a serem gays. Pelo contrário: procuram fazer com que filhos ou filhas escolham livremente, como é direito de todos, a opção porque sabem o quanto o homossexual ainda é marginalizado e discriminado e, portanto, sofre muito. Conheço vários homossexuais que adotaram crianças e as tratam como filhos de verdade, oferecendo amor, respeito, conforto e educação com um carinho e uma grandeza que poucos casais ditos normais conseguem fazer com os próprios filhos. Estão aí exemplos de uma ótima criação dada pelos jornalistas Fernando Moreno e Leão Lobo aos filhos adotivos, aos quais nunca se referem como adotivos, mas sim como filhos verdadeiros. A decisão do STJ chega em momento bastante propício, ou seja, exatamente quando uma procurado aposentada é acusada de maltratar com crueldade uma filha adotiva de dois anos de idade que, aliás, já voltou para o abrigo e só poderá ser novamente adotada quando estiver curada do trauma. Quer dizer: nunca: um trauma como essa lamentável crueldade jamais é esquecido, transforma-se em uma ferida que não consegue, por mais que se tente cicatrizar. O caso da procuradora mostra que não e o diploma ou a opção sexual que pode determinar a conduta com um filho adotivo. Finalmente e felizmente as adoções começam a ser repensadas nesse Brasil que precisa de muitos “pais” para crianças abandonadas por pais que só pensaram no próprio prazer e jogaram no lixo as crianças e a grande e verdadeira responsabilidade que é “fabricar” uma criança. Não tenho dúvidas de que a decisão do STJ diminuirá em muito a imensa fila de crianças que esperam por uma família. Engana-se quem pensa que a decisão do Supremo beneficia os casais homossexuais. É, isso sim, em benefício das nossas crianças abandonadas nas ruas ou em abrigos e jogadas à própria sorte. Sorte agora terá a criança que conseguir ser adotada por um responsável e carinhoso casal gay.
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