Se até Deus descasou o domingo passou a ser o dia mais esperado da semana porque significa descanso e sem compromisso, mas é também o dia mais monótono da semana quando muitas vezes ficamos sem ter o que fazer ou submetidos a programas familiares obrigatórios e que não chegam a ser diversão. Pelo contrário; costumam ser muito chatos. Alguns domingos são até extremamente cansativos um cansaço provocado pelo tempo que quando nada se tem para fazer demora a passar. Lembro até com certa angústia de um domingo chatíssimo que enfrentei. O vídeo que comprei logo pela manhã junto com um jornal tinha péssima qualidade, o que me fez com que eu sentir uma pipoca estourando antes do tempo de tanta raiva; os vídeos alugados véspera tinham sido vistos e revistos várias vezes e a essa altura nem Papai Noel com aquele saco todo aguentaria mais. A televisão talvez ajudasse a preencher o tempo. Pura ilusão: a programação dominical só oferece idiotas programas de auditório, jornadas esportivas sem qualquer atrativo (esporte só é atraente quando você torce ao vivo) e desenhos animados e filmes nada animadores. Caminhar no calçadão de Copacabana, Ipanema ou Leblon nem pensar: como sempre só para contrariar o Serviço de Meteorologia que previra sol o dia estava chuvoso e negro.
Lembrei das amigas, aquelas das quais sabemos o telefone, mas nunca ligamos para elas. Quase todas não estavam em casa e as que dormiam não retornariam (como não retornaram) a ligação. Restava passar o dia pensando. Pensei com otimismo que pelo menos não tinha de aturar sogra, mulher reclamando, filhos chorando e muito menos cunhados espaçosos. Deixei-me ficar sentado no pequeno sofá da sala e o dia chegou ao fim.
Era quase meia noite quando exausto de não fazer nada, resolvi dormir, não sem antes reler todos os jornais do dia e várias revistas antigas. De olhos fechados tentando dormir meu pensamento fixou em uma amiga que me deixava louquinho e animadinho. Sonhei: de repente lá estava ela no meu quarto tirando lentamente a roupa (primeiro a calça jeans apertada, depois a blusa. Na penumbra do abajur e ao som de um jaz (daqueles que se fazem mais sensuais executados por saxofone imaginei (será que era sonho?) seu belo corpo, seus beijos, o aconchego nos seus lindos seios, sua língua áspera e ágil percorrendo molhada todo o meu corpo. Me sentia no paraíso. Fiz até um versinho para ela:
“Não sei se foi sonho/ ou se foi imaginação/me vi ao teu lado/ descobri tua beleza/me encontrei em mim mesmo/ Beijei os teus beijos/ como se eu fosse alguém/ e pelo menos uma vez/ fui feliz como ninguém”.
Com tanto amor adormeci profundamente. Quando acordei lá estava ela sentada na beira da minha cama, sorridente como sempre.. A empregada (empregada chega cedo só para fazer barulho e nos acordar) a tinha deixado entrar. O sonho começava a se realizar. Dispensei a empregada e faltei ao trabalho porque, afinal, como se diz por aí, ninguém é de ferro. Muito menos eu. (Eli Halfoun)
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
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