segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CRÔNICA ---- Carnaval sem enganos

José, Antonio, Luís, Pedro - são brasileiros casados, vivendo com sacrifício, mas sonhando sem qualquer dificuldade são brasileiros que poderiam ser uma única pessoa. Acabaram de pagar a última prestação das geralmente desnecessárias compras de Natal e agora se acham em condição de fazer novas dívidas. Porque, afinal, o carnaval está aí e vale tudo para entra não tão esperada folia, desfilar por uma (ou mais) escola de samba, se acabar nos bailes que ainda resistem e encher o “tanque”. Carnaval exige que se encha o pote para não perder o ânimo na maior festa do país. O Brasil é o país das festas (embora nem sempre o país seja uma festa). É em ritmo de festa que os joãos, pedros, josés vivem sempre. Afinal, entrar na festa, mesmo que ela seja a mais absoluta mentira de alegria, é a única maneira de fingir esquecer a verdade do dia a dia. Nesse tempo de carnaval é preciso tomar cuidado para não usar a fantasia errada. Vestir a camisa listrada e sair por aí é mais do que uma alternativa. É uma quase e brasileiríssima obrigação, até porque é preciso, de uma forma ou de outra, botar o bloco na rua, mas cuidado para não passar o resto do ano pagando dívidas e juros altos. Todos sabem que é preciso evitar endividamento, mas o brasileiro otimista quer sempre ficar como o país: devendo mais do que pode pagar. Essa é uma prática nada recomendável e que pode deixar qualquer um sem dormir até o próximo carnaval. (Eli Halfoun)

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