Vivemos constantemente pressionados por cruéis ditaduras
às quais na maioria das vezes nos submetemos até inconsciente e sem o menor esboço de reação. Não se trata da ditadura política que essa, com enormes sacrifícios, conseguimos vencer, mas sim das ditaduras impostas pelo modismo, pela mídia e por regras que quase nunca nos deixam ser o que (e como) realmente somos.
Uma das mais cruéis ditaduras que nos faz reféns, ultimamente, é a da balança. Virou uma espécie de lei estar magro quase esquelético. É uma absurda imposição dessa era moderna que parece não gostar de abundância. Gente gorda, cheinha como se diz popularmente, não tem mais vez em quase nada. Há um exagerado preconceito contra quem passa do peso e, portanto, da imagem considerada a ideal. As mulheres, que gordinhas, já inspiraram quadros famosos, são as que mais sofrem. O gordo está condenado nesse tempo moderno em que as caveiras certamente fariam o maior dos sucessos.
É preciso, sim, evitar a gordura exagerada, reconhecidamente tida um grave problema para a saúde. Fica sempre a pergunta: o excesso de magreza também não é uma condenação determinada pela falta de saúde? Mas, as pessoas já não se importam muito com isso e não medem sacrifícios para ficar com a imagem imposta nas revistas, na televisão. Na dita vida moderna.
A situação se faz mais grave entre os jovens, já que um dos maiores sonhos das, principalmente, jovens adolescentes é conquistar a quase sempre bem sucedida carreira de modelo que exige, na maioria das vezes, que se tenha pouca carne e muito osso. Exatamente a carne que costumamos recusar nos açougues porque nos sentimos enganados e roubados.
Ter um padrão estético, nem para mais ou menos peso é saudável, sim. Como é saudável a reeducação alimentar que nos livre de alguns quilinhos a mais e nos devolva a um padrão físico (externa e internamente) e em conseqüência aos “bons olhos” da sociedade. Manter um corpo esbelto e sadio é uma questão de saúde, mas buscar a qualquer custo a imagem imposta através da mídia, é burrice. Melhor exibir uns quilinhos (poucos) a mais do que dizer adeus à vida em nome de regras que necessariamente não significam estar e ser mais feliz.
Profissionais da moda, mercado que alimenta a ditadura da balança começam, ainda que timidamente, a reagir contra os excessos – excessos que, aliás, acabam ultrapassando as passarelas. Mulheres extremamente magras podem até ganhar um visual mais bonito, mas certamente são bem menos apetitosas. E não só fisicamente: os exagerados sacrifícios impostos pela necessidade de abrir mão de muitos prazeres, especialmente os do paladar, acaba sempre atingindo também o comportamento e comprometendo de uma forma ou de outra a cabeça e o dia a dia feliz.
Melhor gordinhos simpáticos e felizes do que os magérrimos que só sabem dizer não a tudo que lhes oferecem. Dizer não à vida. (Eli Halfoun)
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
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