quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

CRÔNICA ---- Recomeçar das cinzas

Quando é que começa o (produtivo) ano? Sempre se tem a impressão de que no reveillon está começando um novo ano. Cronologicamente é até verdade, mas não exatamente para um país, como o nosso, repleto de feridinhos, feriadões e festas. Agora é a vez do esperado e inevitável carnaval que embora oficialmente só tenha um dia é festejado por muitos dias (os que o antecedem e os que o sucedem.). Isso já virou uma obrigação nacional.
O carnaval é alegre e agitado, mas o Brasil fica parado – nos dias de folia nem tanto porque o carnaval é a nossa festa maior, inclusive para um bom faturamento em quase todos os setores. Como sempre o Rio, queiram ou não, é a capital mundial do carnaval e por contra da festa está recebendo milhares de turistas. Seria perfeito se depois da festa pudéssemos realmente viver melhor, com menos violência e mais esperança. Se nossas ainda muitas mazelas pudessem ser rasgadas junto com as fantasias suadas e amarrotadas.
O Rio se orgulha (tem motivos para isso) de fazer o melhor, mais animado e mais criativo carnaval do mundo, mas isso não impede que outros estados também procurem melhorar para lucrar com a festa. Em São Paulo, por exemplo, não se pode negar que a escola de samba tem apresentado desfiles que em alguns casos até poderiam estar no palco do samba (o Sambódromo) do Rio; na Bahia os trios elétricos atraem cada vez mais visitantes que adoram o carnaval-pipoca, ou seja, ficar pulando o tempo todo como se estivessem em uma panela quente; em Recife blocos tradicionais de frevo também atraem muitos visitantes.
O resultado é que, embora a festa maior aconteça no Rio, o carnaval se multiplica alegre e feliz por todos os estados. Afinal, a festa é brasileira.
Todo espera que imediatamente após a quarta-feira de cinzas o país retome o seu caminho e não tenha mais interrupções. Não será assim: a festa acaba na quarta-feira de cinzas, mas nada começa de verdade na quinta-freira. Quando já estaremos pensando em outros feriadões e em uma maneira descansar do carnaval. O país voltará a parar para novas festas, novos sonhos, mais desperdício de energia (e não só a elétrica). O Brasil é uma festa. Bom se fosse assim todos os dias e para todas as pessoas. (Eli Halfoun)

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