sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

CRÔNICA -Os novos Pereirões

Confesso que morro de inveja das pessoas que tem habilidade manual (não tenho nenhuma) e não precisam depender para os freqüentes pequenos consertos de uma casa como, entre outros, a o pinga pinga de torneiras, a tomada queimada e outras consideradas besteirinhas - besteirinhas para quem sabe fazer, assim como para quem sabe é moleza andar de bicicleta. Ultimamente está sendo quase obrigatório aprender esse tipo de habilidade: com os preços geralmente extorsivos cobrados pela maioria dos prestadores de serviço, cada um de nós (inclusive as mulheres influenciadas pela competência de Griselda Pereirão na novela “Fina Estampa”) estão aprendendo a se virar e a trocar uma simples carrapeta da torneira que está pingando, serviço pelo qual um dito bombeiro hidráulico cobra no mínimo R$ 30,00 mesmo que a carrapeta custe menos de um real) Além do mais a mão de obra operária nunca foi muito confiável no Brasil e não são raras as vezes em que inventam defeitos que não existem só para meter a mão (roubar mesmo) o freguês. O resultado é que os tais biscateiros conseguem cada vez menos ter o que fazer para como eles mesmo dizem ganhar uns trocados.
Conseguiriam mais trabalho se não quisessem aproveitar-se da situação e levar vantagem - levar vantagem sempre foi uma característica dos patrões que oferecem salários menores quando aumenta risco do desemprego para que o funcionário continue com seu emprego supostamente garantido.
No caso do trabalho reservado para os biscateiros o brasileiro está aprendendo que pode perfeitamente viver sem eles (os biscateiros) desde que adquira o mínimo de habilidade (nem é tão difícil assim) para fazer um consertinho aqui, outro ali. É claro que em situações mais complicadas é fundamental a presença de um profissional capacitado, mas que seja também um profissional consciente de que cobrar mais do que o serviço vale é exploração. Também não deve trocar peças novas e em perfeito funcionamento alegando que estão defeituosos.
Existem sim e ainda bem profissionais competentes e conscientes, mas até para eles está cada vez mais difícil encontrar trabalho porque por culpa dos gananciosos e incompetentes, também passaram a ser olhados com desconfiança pelo consumidor.
O consumidor precisa prender a fazer esses pequenos consertos e a deixar de ser explorado. A verdade é que o consumidor está aprendendo a respeitar seu dinheiro. Coisa que os políticos não fazem. Com o nosso dinheiro, é claro. (Eli Halfoun)

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