A morte é a primeira coisa da qual tomamos conhecimento na vida. Não ficamos pensando nisso o tempo todo, mas é a morte que nos alimenta a vida: comemos para não morrer de fome, usamos medicamentos e procuramos médicos para prolongar a vida. Todas as pesquisas científicas costumam ter o único objetivo de encontrar caminhos que nos afastem da morte, mesmo sabendo que ela é inevitável.
Muitas vezes é a vida que nos assusta, mas é o medo da morte que nos apavora. A vida costuma será luta diária de todos nós não exatamente pela vida, mas para não morrer. Nossas lutas e nossas busca usam a vida como desculpa, mas são lutas e buscas para escapar da morte. É por isso que atravessamos as ruas com cuidado para não morrer atropelado. Fugimos de tudo o que representa perigo na porque buscamos a vida, mas só para escapar da morte. Mesmo assim somos nós, os homens, que fazemos as guerras para provocar milhares de mortes. Matamos com a desculpa de que estamos nos defendendo para continuarmos vivos. Matamos por medo da morte. É incoerente, mas é a mais absoluta verdade.
Será que ficaríamos vivos tanto tempo quanto estamos ficando se não
tivéssemos medo da morte? Claro que não: certamente não teríamos tantos cuidados, especialmente os físicos, se o medo da morte não nos levasse a isso. Nada grave: o medo da morte não é tão terrível assim; o medo da vida é que costuma ser fatal. Quem tem medo da vida e, portanto, das emoções e dos desafios diários é que está morto em vida. O medo da vida é que limita a vida, mas é o medo da morte que nos faz procurar viver cada vez mais, mesmo que não tão intensamente quanto a vida exige
A morte é a única certeza que temos da vida praticamente desde o dia que nascemos e abrimos os olhos pra a vida. Sabemos que mais dia, menos dia a morte chegará e se é inevitável morrer o melhor é fazer com que seja inevitável viver. Viver intensamente. Viver é, como diz a música, não
ter vergonha de ser feliz.Viver com a lucidez da vida. Não com a certeza da morte.
Ficar reclamando o tempo todo, como faz a maioria das pessoas é só uma maneira de apressar a morte. E não é exatamente isso o que queremos da vida. Se a morte é inevitável que venha como um último capítulo de uma vida que mesmo aos trancos e barrancos precisa ser saudável e não só fisicamente.
Viver bem é conquistar diariamente uma vitória contra a morte – contra essa morte que nos persegue desde que nascemos e que queiramos ou não nos alimenta a vida. Ter medo da morte não é tão absurdo assim. Terrível mesmo é ter medo da vida. (Eli Halfoun)
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
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