quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

CRÔNICA ----- Alívio merecido

O número de foliões que ainda acham que as calçadas são banheiros públicos (públicas são, mictórios não) é grande, mas nem assim eles se animaram a formar a escola de samba “Unidos dos Mijões” ou o bloco “Passa que eu tô mijando”. De qualquer maneira os “molhadores de rua” se não se transformaram em atração têm garantido enorme espaço mídia e nas chamadas campanhas de educação, que geralmente não resolvem nada, mesmo porque quem não aprendeu a ser educado não o fará em poucos dias.
A prefeitura promete colocar vários banheiros nas calçadas, mas no movimentado carnaval ainda serão insuficientes. No embalo da folia quem está apertado que “chorar” as “mágoas” em qualquer canto e muitas vezes não espera (nem dá tempo) uma vaga no local apropriado. A prefeitura não deve preocupar-se com os mijões apenas no carnaval. Fazer xixi no Rio em qualquer época é uma busca de “alivio” das mais sacrificadas: não existem banheiros públicos e os botecos é que acabam fazendo esse papel, mas raramente oferecem boas condições de higiene e nem gostam de “fregueses que frequentam a casa apenas para fazer “um xixi amigo”.
Muitas vezes vemos uma pessoa andando apressadamente na rua, suando e até se contorcendo de desconforto, mas poucas vezes imaginamos que a pessoa está sofrendo naquele momento de vontade de ir ao banheiro. .Como não existem banheiros públicos nessas apertadas situações só resta recorrer ao um botequim na esperança de encontrar um banheiro razoavelmente limpo. Raramente isso acontece: além dos botequins terem sempre banheiros imundos e mal cuidados geralmente o balconista ou o arrogante dono do boteco dizem que “o banheiro está em obras (nunca está) e não pode ser usado”. O desespero aumenta: você volta a suar frio até encontrar um lugar para fazer xixi e quando encontra o que o boteco oferece é um cubículo imundo no qual você é obrigado a contorcer-se ainda mais para pelo menos acertar no alvo e molhar menos a calça. Só dá (quando dá) pra fazer xixi. O resto nem pensar.
Uma cidade como o Rio na qual circulam diariamente se em todas as ruas milhares de pessoas deveria estar preparada para esses imprevistos (imprevistos nem tão imprevistos assim). Se é impraticável ter banheiros públicos (serão depredados e virarão ninhos de marginais) o mínimo que a prefeitura pode fazer é exigir que pos banheiros dos botequins estejam sempre limpos e abertos ao público. É raro qualquer pessoa entrar em um boteco ou restaurante e ser recebido com gentileza e boa vontade. Existe sempre uma espécie de olhar punitivo do dono do boteco como se estivesse a dizer: “esse cara não vai gastar nada e ainda quer usar o meu banheiro de graça, ta pensando que aqui é a casa da sogra”.
Esse tipo de comportamento e raciocínio mostra que nossos comerciantes não sabem lidar com o público. Deveriam orgulhar-se de seus banheiros limpos que é sem dúvida também o sinal de que todo o resto do estabelecimento é limpo. Eles parecem isso sim é envergonhar-se da imundice que reina em seus banheiros e certamente no resto da casa.
Se não me engano existe uma lei municipal (sancionada há anos) determinando que bares e restaurantes permitam acesso livre ao público aos banheiros que devem estar limpos para servir a quem mais precisa e merece: o povo. A lei (tem de ser uma regra) deveria ser fiscalizada pelo município, que anda tão preocupado com os mijões carnavalescos.
Se começarmos a limpar os banheiros talvez consigamos limpar toda a sujeira dos municípios, estados e do país. E não só aquela sujeira que se vê, mas principalmente a que não se vê e sabe que existe. E como... (Eli Halfoun)

Nenhum comentário:

Postar um comentário