segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CRÔNICA --- Lições da vida

A televisão e os jornais nos bombardeiam com notícias sobre a tragédia que atinge cidades (cidades?) do Rio, Minas Gerais e outras tantas geralmente esquecidas pela maioria dos brasileiros, especialmente os que deveriam cuidar delas e de suas miseráveis populações. Política e socialmente o tema tem sido discutido em abundância: encontram-se soluções verbais (falar e prometer é mais fácil do que fazer) para tudo, mas no final das contas muito se diz, muito se promete e nada concretiza. Portanto, fica parecendo (e é) perda de tempo continuar discutindo o assunto. É preciso partir para soluções. É o momento de direcionar um olhar diferenciado para esse tipo de situação repetitiva, sai ano, entra ano.
Diante de tão sofridas imagens é impossível não deixar escorrer pelo menos uma lágrima por mais distante (e não só em quilometragem) da cruel realidade. Não há como olhar com otimismo para esse tipo de situação e por mais que o otimismo e a esperança sejam fundamentais na construção e reconstrução de emoções, sentimentos e vida, a realidade é mais forte, mais tensa e mais, muito mais, sufocante. Nesse momento (aliás, nesses repetitivos momentos) é que devemos e podemos rever nossas vidas e aprender que precisamos estar com o olhar sempre atento em todas as situações, em todas as pessoas.
Estamos impotentes diante de tantas e tamanhas dificuldades e de tão intenso sofrimento. Nada podemos fazer (além de prestar a solidariedade doações que nunca sabemos se realmente chegarão ao destino certo) diante da destruição de coisas e de vidas que a televisão nos mostra em imagens cinematográficas (é o papel da televisão e da mídia de uma maneira geral informar, alertar e buscar ajuda). A lição que a vida nos ensina uma vez mais é a de que se faz fundamental (e cada vez mais) estar atento ao próximo.
As chamadas cidades grandes não sofrem tanto assim com água que chora copiosamente do céu - um céu certamente revoltado com a destruição que promovemos na natureza, com o desamor que se tornou mais constante do que o amor - aquele amor multiplicado em muitos e depois também dividido, de uma forma ou de outra, também entre muitos. Os sólidos edifícios que nos “encaixotam” na modernidade das moradias, não desabam assim tão facilmente. A tragédia de ficar jogado em abrigos e sem nada do que foi conquistado com trabalho, parece destinada aos que pouco tem (tinham) e ficam com menos ainda. Diante de tudo isso é hora de saber definitivamente que é necessário estar sempre de olho no vizinho. Não para invadir sua casa e privacidade, mas para poder estender-lhe a mão sempre e especialmente nos momentos que mais precisa. Só as mãos estendidas podem dar força. Unindo nossas mãos estaremos unindo força e formando ao grande cordão humano (ainda somos humanos ou não somos mais?) que pode, deve e precisa envolver o mundo.
Os mais céticos dirão que resolver os problemas de cidades esquecidas é obrigação do governo, É sim, mas a questão maior não é essa: a grande questão é a da união solidária que não deve dizer presente somente nos momentos trágicos. Nossos atentos olhares podem diminuir as lágrimas derramadas hoje e evitar que muitas lágrimas sejam derramadas amanhã.
A grande lição do agora é a de que tragédias e problemas, por mais difíceis e cruéis que sejam, podem ser sempre um licores de otimismo. Afinal, está provado historicamente que é das grandes tragédias e das super batalhas que tiramos as maiores lições. Portanto, esse é mais um momento para aprender. Aprender e exercer. (Eli Halfoun)

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