sábado, 28 de janeiro de 2012

CRÔNICA ----- Contadores de histórias

Quando crianças adoramos ouvir as histórias contadas pela vovó ou pelo vovô. Vamos crescendo e as histórias começam a ficar “um saco”. Na adolescência chegamos a fugir das histórias que vovô e vovó nos contavam com emoção e carinho. Do vovô passamos a gostar de ouvir somente fatos que, na verdade e muitas vezes, nem são tão fatos assim, porque nos chegam recheados de exageros e de mentiras: vovós os vovôs inventam muito e criam um monte de acontecimentos que não costumam ser exatamente como aconteceram.
Não importa: as histórias, mesmo que cheias de imaginação e exageros, as história os dos vovôs sempre nos ensinam alguma coisa. Melhor ainda: ensinam a eles mesmos, os vovôs, a descobrir uma capacidade criativa que talvez nem tivessem na juventude. Pensar e criar, e, portanto, escrever, é fazer a cabeça trabalhar. É permanecer vivo. Se a cabeça funciona o resto do corpo geralmente acompanha.
É exatamente o incentivo de fazer a cabeça funcionar que valoriza mais o Concurso Talentos da Maturidade, que o Banco Santander realiza sete anos (desde que era Real). O concurso tem revelado alguns talentos. São talentos adormecidos que os idosos redescobrem quando se dispõe a escrever um conto, uma poesia, uma monografia, seja lá o que o regulamento permitir para o concurso. Escrevendo se redescobrem para a vida.
O prêmio em dinheiro é interessante ainda mais num país em que os idosos, que pagam cada vez mais caro por um plano de saúde, vivem de uma quase sempre ridícula aposentadoria. Importante mesmo é a oportunidade e mais do que isso, o incentivo que o concurso transmite ais idosos.
Nem todo o idoso tem talento para escrever, mas todo idoso tem sempre uma boa história para contar. Escrever também é aprender sobre todas as coisas. Principalmente a viver.
Quando se escreve nunca se está só: tem sempre um, dois, três personagens nos fazendo companhia e de certa forma espantando a solidão. Mesmo que não haja personagens o ato de percorrer na memória e no papel os velhos caminhos é também uma maneira de não estar só. Nunca se é só quando se está povoado de pensamentos, de lembranças, de memória, de criatividade. De vida.
Na experiência de escrever (não importa se bem ou mal) o idoso estará sempre aprendendo a ser e a redescobrir através de histórias, novas verdade e assim uma nova capacidade de ser, redescobrir e exercer melhor o tempo. O simples fato de “botar no papel” o que sabem é de fundamental ajuda. Na maioria das vezes percorrer as lembranças do passado pode significar o encontro de um novo futuro. (Eli Halfoun)

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