O velho ditado costuma dizer que aqui se faz, aqui se paga. Epaminondas poderia perfeitamente trocar o P do paga por um C para contar mais apropriadamente o castigo do qual foi vítima. Quando a agência de viagens confirmou para a manhã de sexta-feira a viagem de sua mulher para o norte, Epa deu três êpas e só faltou sair gritando pelo escritório. A primeira coisa que fez, depois da euforia inicial, foi chegar junto a mesa de Ana Lúcia, sua colega de trabalho, e com alegria comunicar: “tá tudo em cima, vamos poder passar o fim de semana juntos naquele hotel de luxo”. De noite, em casa, fez charme de saudade antecipada com a mulher e tascou mais uma mentira: “vou aproveitar a tua viagem e também vou para São Paulo resolver alguns negócios. Assim eu sinto menos a tua falta”. Fez força para não rir com o seu próprio cinismo. No dia seguinte lá estava ele, maleta na mão, no escritório, de onde sairia com Ana Lúcia direto para o hotel ,no qual já tinha confirmado a reserva. Passou no dia inteirinho ansioso e fazendo planos : “vai ser um fim de semana inesquecível, desses de não sair do quarto e muito menos da cama, pra nada.” Vez por outra passava por sua cabeça a recomendação da mulher: “não vai me trair, seu Epaminondas, que Deus pode te castigar”. Desviou o pensamento daquela praga e estava tão ansioso que nem esperou o expediente acabar para pegar Ana Lúcia pelo braço, embarcar num táxi, que tinha chamado por telefone e que milagrosamente estava ali no horário marcado, e ir direto para o hotel. Quando chegaram sua ansiedade estava na cara e antes que tivesse um troço pediu ali mesmo na recepção um uísque duplo para tentar se acalmar. No quarto pediu mais bebidas e dois sanduíches ( nem ele e nem Ana Lúcia tinham almoçado) e ficaram ali, na mesinha da varanda que deixava ver o mar,. conversando. Mais tranquila Ana Lúcia resolveu criar um clima e .de vez em quando, ia para o banheiro de onde voltava sempre com uma roupinha mais sensual do que a outra e fazia um striptease que deixava Epa enlouquecido. Nem se lembrou daquele aviso, também popular, de não deixe para amanhã o que pode fazer hoje e para curtir mais e melhor aquele início de uma “noite de loucuras”. Foi deixando para mais tarde o que vinha planejando há muito tempo: deitar e rolar com Ana Lúcia na cama. Ela provocava, ele resistia. Ficaram assim por mais de duas horas quando a resistência acabou. De repente Epa deu (êpa) um salto da cadeira , agarrou Ana Lúcia e jogou-a literalmente na cama. Não conseguiu dar mais do que um beijo: um ronco em sua barriga o fez pular da cama e correr para o banheiro. Foi a maior dor de barriga que já tinha tido. Daqui a pouco passa, pensou, mas não passou. Passou, isso sim, a noite inteira plantado no vaso como se fosse uma flor. Mas tinha a esperança do dia seguinte. Ficou só nsa esperança. O sábado e o domingo também foram de um, digamos, vazamento continuo e quanto mais se desesperava maior era o vazamento. No domingo logo pela manhã resolveram voltar para casa. Só na segunda-feira Epaminondas voltou ao normal e aprendeu uma lição que não esquece até hoje: praga de mulher nortista pega mesmo.
* E faz um estrago...
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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