quarta-feira, 2 de maio de 2012

CRÔNICA --------- Inútil interrogação

Será que foi? Será que será? O ponto de interrogação costuma ser companheiro inseparável de nossas vidas. Vivemos inseguros e nunca sabemos se fizemos a coisa certa até na mais fútil das situações. É o “se” que nos persegue o tempo todo. Vivemos nos lamentando e nos arrependendo e não adianta nada. Vivemos nos perguntando ”se tivesse sido assim, não teria sido melhor?”; “se eu não tivesse feito isso ou aquilo teria dado certo"? É “se” em cima de “se” não só como interrogação, mas também como arrependimento, justificativa e desculpa. O “se” é terrível. É uma interrogação de uma responsabilidade imensa, cruel até, porque o carregamos a vida inteira com uma culpa que não faz sentido e que de certa forma nos faz sempre duvidar de nós mesmos e das decisões que tomamos diante da vida, que por si só já é uma grande interrogação. Claro que as coisas teriam sido diferentes e certamente melhores se não houvesse a interrogação do “se” questionando nossas decisões e nossos arrependimentos. O “se” só vale a pena se representar esperança. Não arrependimento ou dúvida. Jamais, por mais que tenhamos certeza (na verdade nunca temos certeza de nada) das coisas, nos livraremos do “se”. No dia em que o “se” não mais estiver presentes em nossas interrogações, viver ficará muito mais prático, fácil. E sem graça. O arrependimento (geralmente culpa) transmitido pelo “se” é a maior das lições É com ele, o “se”, que aprendemos a não repetir erros, embora continuemos cometendo erros diários em tudo e para quase tudo. É sem duvida o terrível “se” que acaba nos mostrando novos caminhos - caminhos que certamente teriam sido mais fáceis “se” não tivéssemos feito isso ou aquilo. ”Se” não tivéssemos votado em fulano talvez o Rio O estivesse melhor; “se não tivéssemos escolhido tal bairro para morar talvez estivéssemos livres de acabar alvos de balas perdidas; se tivesse jogado na loteria talvez estivéssemos ricos”; “se tivéssemos escolhido outra mulher o casamento serias feliz”. ´ É “se” para cá. É “se” para lá nos atormentar com mais um problema, mais umas duvida porque o “se” que nos atormenta não significa, como queremos, que com outras escolhas ou posturas as coisas estariam realmente melhores, do jeito que esperamos e sonhamos. Não é fácil, parece até impossível, ficar livre do “se”, mas é possível parar de lamentos com o “se” e viver o é. Só com o é podemos construir o será. Certo ou errado o “se” é passado. O futuro não é se. É e pronto. O futuro é e será sempre o nosso maior compromisso com a vida. (Eli Halfoun)

Nenhum comentário:

Postar um comentário