segunda-feira, 14 de maio de 2012
CRÔNICA ----- Jeitinho brasileiro
A cena é grosseira, deseducativa, deselegante, mas mesmo assim costuma ser comum ouvir alguém corrigindo alguém em voz alta como se ao chamar a atenção do outro quisesse, e geralmente quer, chamar atenção para si mesmo, porque é inseguro e como todo o inseguro metido a saber demais, a saber tudo, como se realmente nos fosse possível saber tudo e ter sempre razão.
É desconfortável e constrangedor assistir alguém criticando o outro em voz alta porque não sabe a pronúncia ou o significado correto de determinada palavra. Esse costuma ser um erro mais absurdo ainda porque em um país do tamanho do Brasil e com cultura tão diversificada as palavras podem ganhar sentido diferente em cada estado, a cada quilômetro. O que é tangerina aqui é mexerica ali e bergamota mais adiante. E é tudo a mesma coisa. Tudo é Brasil, embora nem sempre seja autenticamente brasileiro, o que também se explica e justifica num país de tantas misturas étnicas.
Qualquer um de nós concorda que é preciso, sim, corrigir quem se expressa erradamente e que é corrigindo que se ensina mais e melhor. Corrigir e ensinar não significa constranger e muito menos humilhar a quem quer que seja. Se corrigir gritando fosse o ideal sargento mandava no exército.
A questão acaba não sendo a de corrigir ou deixar de corrigir, mas sim a de como fazer isso educadamente, eficientemente. Num país que se orgulha de ter e dar um jeitinho para tudo, o jeitinho de falar, de mostrar e de ensinar é fundamental na hora de corrigir. Quem corrige gritando e deixando o corrigido numa situação na maioria das vezes humilhante, geralmente não está ensinando. Minto: está, sim. Talvez esteja ensinando o que é ser grosseiro e mal educado. Quem corrige grosseiramente não aprendeu o principal: respeito e educação. Portanto, não pode corrigir ninguém e muito menos ensinar nada. (Eli Halfoun)
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