Moacir Franco:um artista completo que deve ser aplaudido de pé

Durante os muitos anos em que editei e dirigi a revista Amiga, uma das pioneiras de tudo o que se faz hoje nas chamadas revistas de televisão e de celebridades, eu dizia na redação que Moacir Franco era um de meus artistas preferidos. A turma da redação ria porque achava que eu estava brincando. Não estava não: minha opinião era para mostrar aos repórteres em início de carreira que era preciso olhar para o trabalho popular de Moacir Franco sem preconceito. A crítica nunca esteve generosa com Moacir Franco que foi e continua sendo um dos mais completos artistas desse país de artistas. Moacir é bom ator (seja como comediante ou não), é um perfeito redator, um cantor de voz bonita e afinada, um compositor de extrema simplicidade e sensibilidade e um excelente escritor. Mesmo assim foram necessários muitos anos para que ele viesse merecer a atenção da crítica e até de seus colegas de profissão que só agora reconhecem nele um talento extraordinário. Aos 76 anos ele já tem condições financeiras de aposentar-se. Nem pensa nisso: Moacir Franco continua cheio de planos, criando programas, participando de filmes e com presença marcante em “A Praça é Nossa” humorístico do qual é pioneiro e sem dúvida um dos responsáveis por um sucesso que se mantém intacto. Tão intacto quanto o talento de um artista completo e que nem por isso perdeu a simplicidade e a humildade. Moacir Franco nunca botou banca: sempre soube de sua capacidade e talvez por isso não tenha dado muita bola para as injustiças, embora tenha sofrido com elas. Moacir Franco fez ao longo da carreira o público rir, chorar, cantar e emocionar-se até com suas divertidas entrevistas. Moacir Franco é um artista vitorioso e completo e que por isso mesmo deve ser visto sem preconceito e com todo respeito. Nesse país de bons artistas são poucos os que reúnem o múltiplo talento de Moacir Franco que merece ter seu trabalho e talento reconhecido até pelo mais rabugento dos críticos, que sem dúvida mais cedo ou mais tarde irá aplaudir de pé. Como o público vem fazendo há muito tempo. (Eli Halfoun)