sábado, 26 de maio de 2012

CRÔNICA ------ Do lado esquerdo

Começa na sexta-feira como uma boa desculpa para tomar um chope (nunca é um só), dar uma esticadinha e chegar mais tarde em casa. É no sábado e no domingo que nos acostumamos a sair para encontrar amigos sem dar muita importância ao que “encontrar amigos” realmente representa. O encontrar amigos nos finais de semana é apenas uma razão a mais para ficar nos botecos jogando conversa fora. É essa conversa jogada fora nas mesas dos bares que mantém o verdadeiro espírito carioca. É bom - e como é bom - ficar papeando no bar mesmo que a conversa acabe sendo quase sempre sobre mulher, futebol e política, assuntos que geralmente não permitem chegar a qualquer conclusão. Afinal, cada um de nós se considera sempre o melhor técnico para seu time e o melhor analista político desde que puxe a brasa para a sua sardinha. Por mais que sejam gritados e não falados esses papos acabam preenchendo o tempo. É preciso não confundir companheirismo de copo ou de trabalho com amigos de verdade. Nada impede que sejam, mas quase nunca enxergamos isso. Amigos não estão evidentemente proibidos de beber juntos, mas os realmente amigos nunca são exatamente os de farra e de copo. Amigo é escolha, é mais do que irmão. É presença sempre presente, mesmo na ausência. Os verdadeiros amigos raramente estão diariamente juntos e bebendo nos finais de semana. O verdadeiro amigo aparece quando menos se espera e quando mais se precisa. Muita gente costuma confundir gratidão (“fulano foi legal comigo”) com amizade. Gratidão é dívida que não se paga porque não pode ter preço estabelecido (a única maneira de pagar é ser grato sempre). Amigos não cobram nada, muito menos gratidão. Só querem ser amigos. Podemos fazer hoje, amanhã, a semana inteira um noivo amigo, mas importante mesmo é reconhecer aquele que já é e que muitas vezes nem percebemos. Para perceber basta não confundir companheiros de bar ou de trabalho com amizade e saber que como diz a canção “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. No coração. (Eli Halfoun)

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