domingo, 27 de maio de 2012
CRÔNICA ------- Sonho irreal
Uma das mais fortes características do brasileiro é a de acreditar em tudo e fazer dessa crença, inclusive quando não está tão crente assim, a maior das esperanças. Pode-se dizer sem exagero que os brasileiros acreditam até em Papai Noel mesmo sabendo que ele não existe.
Caminhando pelas ruas é fácil perceber que nós os arrochados assalariados descobrimos até uma forma de acreditar que um real é dinheiro e vale alguma coisa. Nas ruas de qualquer bairro é sempre possível encontrar um camelô com produtos que custam “só um real”.
É verdade que nada que se comprar por um real tem qualidade que valha um mísero centavo, mas nós que cremos em tudo fazemos a festa acreditando que nos camelôs de um real ( e só neles) temos poder de compra e nessa hora não somos tão pobres e arrochados pelos baixos salários
Tem nas barraquinhas dos ambulantes quase tudo o que se quer ou se finge querer porque na maioria das vezes é só o que podemos adquirir. Tem lá nos ambulantes o boné do artista famoso, a colorida meia da novela, pilhas que funcionam poucas horas, isqueiros que geralmente explodem com o calor, lápis de silicone que não sabemos mesmo se funcionam, pares de meia que fazem nossos pés penar e suar.
É assim fingindo que acreditamos comprar o que é bom e que estamos levando vantagem. Caminhamos entre as bancas com todos os tipos de produto acreditando que temos poder aquisitivo e que enfim podemos comprar muitas coisas, especialmente as que não servem para absolutamente nada.
Importante é que nenhum é que cada um real (produto de) alimente nossos mais pobres sonhos de consumo e às vezes de vida.
Um turista desavisado que desembarcar por aqui terá nos primeiros momentos a falsa sensação de estar em um país no qual o povo feliz pode comprar tudo nos vários “gentis comerciantes” espalhados por toda a cidade.
Na base do um real o brasileiro se ilude mais uma vez e cria uma economia de consumo ruim e barata. Até descobrir que está vivendo em um tempo irreal. (Eli Halfoun)
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