terça-feira, 1 de maio de 2012

CRÔNICA ------ Heróis de ouro

Estava mais do que na hora: até que enfim estamos orgulhosos (e desconfiados) com as realizações da Copa e das Olimpíadas que também tem tentado mostrar nossa capacidade de dar a volta por cima. Mais importantes do que as premiações esportivas, que certamente conquistaremos são as medalhas de vida que devemos exibir com orgulho. São medalhas que fazem brilhar no peito e na alma, a capacidade de superação desse heróico povo brasileiro que com garra, alegria e entusiasmo, tem sobrevivido a tudo e a todos. O brasileiro é um atleta do cotidiano e na arena da vida tem de nadar diariamente contra a correnteza, dar saltos mortais (com piruetas e tudo) para vencer obstáculos, sacar com perfeição e bloquear com força as bolas traiçoeiras que a vida adversária remete. O brasileiro tem de correr com sua maior velocidade, tem que saltar adversidades para fazer um gol que lhe permita comemorar com pelo menos um prato de comida diariamente. Somos atletas do dia a dia na arena da vida. Os que se fazem atletas de competições esportivas são mais completos porque para praticar os esportes que hoje nos encantam e orgulham precisam vencer a falta de incentivo, a falta de apoio, a falta de um tênis adequado e muitas vezes até a falta de míseras moedinhas para pagar a passagem que os levam aos locais de treinamento. Essas são sempre as primeiras e maiores vitórias de nossos atletas para poder competir e vencer (de qualquer maneira já são vitoriosos) os adversários esportivos que aqui desembarcam cercados de incentivo, de grandeza, de boa alimentação. São atletas que não precisam os nossos, correr atrás de um prato de comida e nem fazer do esporte uma maneira de escapar de uma vida ingrata, miserável e perigosa. Ouro, prata, bronze, não importa. As medalhas já conquistadas no tem o efeito de fazer (até que enfim) o brasileiro orgulhar-se de sua inteira e completa capacidade. E não só da esportiva. Pela primeira vez estamos nos sentindo pessoas do primeiro mundo. Sempre fomos. Só que nosso doente complexo de inferioridade não nos deixava enxergar isso. Talvez agora nos dê uma visão real e orgulhosa que permita parar de achar que tudo que vem de fora é melhor. Não é. Faltam ainda muitas coisas, mas já deu para perceber que não somos piores do que ninguém. Somos, sim, um país e um povo de primeiro mundo, se não em tudo, já em quase tudo. Agora é torcer para que as medalhas esportivas que nos estão enchendo de orgulho, não brilhem apenas enquanto houver eventos esportivos. Nossas medalhas precisam continuar brilhando todo o tempo. Precisamos acreditar que nunca fomos e nunca seremos piores do que ninguém. E cantar com entusiasmo e em coro: “Sou brasileiro com muito orgulho” * Sem nenhum tipo de complexo

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