O carnaval é a maior fantasia do brasileiro. Com ou sem fantasia. Com ou sem dinheiro. É na mais completa festa popular do mundo que homens, mulheres e crianças de todas as raças e posições sociais formam um único bloco para mostrar ao mundo anualmente que é possível, sim, promover a união de todos através da música e da alegria. Uma alegria contagiante que nem precisa de estudos sociológicos porque não há muito a explicar quando a ordem é sambar. Com a roupa que for. Do jeito que der.
O carnaval (ou como preferem alguns a folia) é a única festa em todo o mundo que tem a magia de fazer esquecer preconceitos, de unir pessoas, de promover encontros afetivos, de formar casais. De preencher uma vida sonhada e só vivida plenamente, mesmo que apenas na “fantasia” em quatro dias de total felicidade.
Embora muitos ainda a considerem uma festa profana, a verdade é que o carnaval é a festa do amor e das realizações. Um amor estampado no sorriso suado de cada folião. De realizações que só a democracia de uma festa feliz permite. Exige. No carnaval é proibido ficar triste, é proibido chorar. É proibido proibir.
Todos os anos tudo se faz tão contente porque é de novo o povo na rua. Já se disse que só o carnaval faz com que todos sejam reis, rainhas, príncipes, princesas. É mais, muito mais do que apenas isso: o carnaval é o rompimento de algemas inconscientes que carregamos o ano inteiro. Às vezes a vida toda.
No embalo de uma alegria que não deixa ninguém ficar parado o carnaval também é importante economicamente fazendo desfilar todo o tipo de comércio e, portanto, de dinheiro, além de atrair milhares de turistas que se encantam com a festa e participam coma a mesma alegria (o carnaval une todos os povos, fazendo com que todos se entendam e falem a mesma língua. Nenhum turista sabe explicar essa contagiante e mágica alegria carnavalesca. Mas, afinal, quem sabe explicar? Se é que é mesmo preciso explicar alguma coisa quando o povo está cantando unido em um único e afinadíssimo coral. Há quem ache que o carnaval de rua acabou e que as3gora a festa é apenas das escolas de samba que promovem o mais colorido e deslumbrante espetáculo popular do mundo - uma ópera de muitos tenores, sopranos, contraltos. Uma festa da qual todos são artistas principais.
O carnaval de rua (o carnaval é a rua) ainda existe e se muitos foliões não estão nas aglomerações dos blocos e dos bailes não estão desfilando sozinhos - até porque no carnaval ninguém nunca está só. O carnaval e anti-solidão.
Não há enredo capaz de descrever o carnaval. Historiadores dizem que é possível que suas raízes se encontrem e um festival religioso, pagão, com que se homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza. Outros historiadores preferem dizer que as primeiras manifestações ocorreram na Roma dos cesares ligadas às famosas saturnálias de caráter orgíaco. Não importa a velha história: todo ano o carnaval escreve um novo roteiro com a festa que embora só aconteça durante quatro dias está presente na vida do brasileiro o ano inteiro. Não há quem não conheça uma música de carnaval que também é a festa de permite que todo o tipo de crítica se imponha nas músicas ou fantasias com naturalidade: são a observação e a indignação do povo com tudo o que está errado. Em algumas músicas garante-se que é “pra tudo acabar na quarta-feira. A festa pode acabar na quarta-feira, mas o carnaval é permanente. Na quinta-feira um novo carnaval começa marcando o ritmo da batida do coração de cada folião para que pouco mais de 300 dias depois todos possam reencontrar-se. Todos possam ser reis e rainhas, artistas do samba. Artistas da vida. (Eli Halfoun)
sábado, 3 de dezembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário