sexta-feira, 30 de julho de 2010
Cachaça: a mais popular bebida brasileira tem sotaque português
Se esse negócio de número 1 valesse para cachaça ela seria a Ypióca, não só porque é considerada a melhor, mas também porque foi a primeira a ser comercializada em 1846 a partir de um alambique de cerâmica instalado no Ceará pelo português Dario Telles de Menezes, que imigrou de Portugal para estabelecer-se na região canavieira cearense. O português radicou-se em Maranguape (é a cidade onde nasceu Chico Anysio) e ali iniciou a produção de aguardente para a qual deu o nome de Ypióca, que quer dizer Terra Roxa (terreno extremamente fértil e propício para o cultivo da cana-de-açúcar). Não foi por mero acaso que um português iniciou a produção daquele que hoje o autêntico destilado brasileiro. Acostumados com a produção da Bagaceira (destilado dos restos da fermentação do suco de uva) os portugueses que repetiram a fórmula no Brasil a partir de 1534, quando Martin Afonso de Sousa construiu na Capitania de São Vicente (São Paulo) o primeiro engenho para a produção da aguardente de cana. A cachaça começou a ser comercializada a partir de 1895 em garrafas de vidro com tampas de cortiça. Só a partir de 1924 foi feito o primeiro engarrafamento em litros e iniciou-se o uso de conta-gotas em garrafas revestidas com palha de carnaúba para uma aguardente envelhecida em barricas de bálsamo. A nossa cachaça que hoje é exportada para o mundo debutou internacionalmente em 1968 quando foi enviada para a Alemanha. A história da cachaça, ou melhor, da pioneira Ypióca, é contada no Museu da Cachaça, localizado no Sitio Ypióca, em Maranguape, a 30 quilômetros de Fortaleza. O Museu da Cachaça funciona desde agosto de 2000 em um casarão construído em 1846 que abriga um valioso acervo de mapas, documentos, fotos, filmes, máquinas, garrafas, equipamentos agrícolas e tonéis de bálsamo, entre outras raridades. As visitas ao Museu da Cachaça são abertas para grupos de turistas que além de conhecer a farta e histórica documentação sobre a mais popular e autêntica bebida brasileira podem sentar-se em um botequim de época para saborear a mais pura e original cachaça. Se você não bebe, não tem problema: o boteco também serve caldo-de-cana, que é a cachaça antes de arder no estômago. O boteco abriga o maior tonel de madeira do mundo.
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