quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CRÔNICA ----- Viciados em paixão

Nada do que aconteça - e não têm sido poucas as nossas decepções - consegue tirar o otimismo e a esperança do brasileiro. Somos o povo mais otimista e alegre do mundo, o que até nos faz pensar – e não só diante das maravilhas que a natureza plantou por aqui – que como já ouvimos e repetimos muitas vezes “Deus é brasileiro”. Deve ser mesmo porque nos fez também um povo apaixonado. Viciado em paixão.
É essa ardente paixão que nos mantém sempre sorridentes, felizes até e principalmente em busca de novas conquistas, novos horizontes, renovada esperança, intenso e imenso sorriso, novas, inteiras e ardentes paixões. O brasileiro é um eterno apaixonado e renova a paixão diariamente como se a cada dia vestisse a melhor roupa para mostrar que, apesar de tudo, está sempre aí.
Todo dia e toda hora tem um homem apaixonando-se completa e perdidamente por uma mulher, uma mulher apaixonadamente louca por um homem. A busca de paixões renovadas e renovadoras não se limita as mais íntimas relações de casal. Somos maravilhosamente apaixonados por tudo e mostramos isso na torcida pelo time de futebol, no entusiasmo pela escola de samba do coração - esse coração que sempre bate apaixonado por tudo e por todos. E que nos faz perseguir os sonhos por mais distantes que estejam.
Somos apaixonados por feijoada, chope gelado, praia, pagode, pelo bar da esquina que nos abriga em um bom papo até com quem não conhecemos. Estamos sempre apaixonados pela vida. É isso que nos faz reunir e renovar esperança e seguir em frente.
Talvez não acreditássemos em mais nada se a paixão não nos acompanhasse em tudo. Somos verdadeiramente apaixonados pelo amor, amor-paixão que nunca nos abandona.
Nenhum de nós quer deixar de ser e estar apaixonado por um segundo que seja. É como se sem a paixão não fossemos ninguém e não significássemos nada. Não importa que algumas paixões sejam passageiras e talvez essas sejam as melhores porque nos criam a necessidade, às vezes doída, de perseguir a cada dia e diante de cada decepção ou desgosto, uma nova paixão que nos devolverá o entusiasmo, o sorriso, a força da vida.
Não é saudável ter medo ou vergonha de se apaixonar, mesmo sabendo que pode ser apenas conseqüência de um momento e que não durará tanto quanto esperamos e gostaríamos. Paixão é mesmo assim. Por isso amamos nos apaixonar. A vida é uma paixão. Se não fosse a maior e mais intensa de todas não teríamos tanto medo de morrer. (Eli Halfoun)

Nenhum comentário:

Postar um comentário