segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CRÔNICA - Feliz ano velho

O ano novo está praticamente aí. É época para que jornais, revistas e todos os outros meios de comunicação escrevam sobre promessas, planos, felicidade, dinheiro, como se um dependesse do outro e como se tudo isso não devesse estar presente o ano inteiro. A chegada de um novo ano no calendário cria uma espécie de euforia coletiva que acaba nos fazendo esquecer que o novo ano é apenas a continuação do velho e que por isso mesmo todo dia devia ser de ano novo, ou melhor, de planos, promessas e sonhos. Principalmente sonhos.
Não há nenhum mal em fazer promessas e construir planos, mesmo sabendo que serão esquecidos logo nos primeiros dias de janeiro, quando a euforia terá terminado e as dívidas aumentado. O ideal é que todos os dias fossem de esperança e de amor. O ano novo não representará absolutamente nada se ao final de 2012 não se puder dar continuidade ao que se conquistou (mesmo que seja pouco) nos novos 365 dias que começam agora, até porque, como diz a sabedoria popular, a vida continua. Continua sempre.
O clima festivo de fim de ano, o entusiasmo com a compra de presentes (na verdade o que se compra são mais dívidas) e com o dinheiro extra do 13º salário (extra, mas nem tanto já que esperamos e contamos e com ele o ano inteiro) acaba criando também um tempo de falsas promessas. Que se perdem no meio da festa entre uma e outra taça de espumante.
A confraternização é a marca dos dias que anunciam a chegada do novo ano. Parece que uma força estranha faz com que as pessoas percam o medo de assumir o carinho e o amor, umas pelas outras. Não ter medo do carinho e do amor explícitos é a única coisa que pode realmente muda o comportamento de qualquer um de nós no ano novo que daqui a pouco será ano velho Quando olharmos para trás descobriremos que não fizemos nada ou quase nada do que na euforia da festa colocamos como meta. A meta de qualquer ano, qualquer época, deve ser sempre a solidariedade e o amor. Só quando nos sentirmos assim todo o tempo qualquer ano será mais feliz. O ano inteiro.
Mesmo que seja só da boca pra fora o desejo de todos nesse momento exageradamente eufórico é de prosperidade para todos. Prosperidade especialmente afetiva porque a financeira nos livra de dívidas, mas também no acomoda e pode trazer - como traz - tranquilidade e conforto, mas certamente não traz o que mais desejamos: felicidade. O ano todo
As coisas seriam mais intensas e melhores se ao final de cada ano pudéssemos sim ter o que comemorar e esperar. O ano novo só será realmente ótimo quando pudermos dizer em coro “feliz ano velho”, ou seja, quando olharmos para trás e percebermos que construímos um mudo com mais amor e, portanto, melhor. Aí a vida terá valido a pena e o ano novo será realmente mais feliz. (Eli Halfoun)

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