domingo, 12 de junho de 2011

CRÔNICA ----- Amor grisalho

Qual é a idade do amor?
Essa é uma pergunta sem resposta. Comemoramos aniversários de filhos, marido, netos, sobrinhos, pais, mães, os nossos. Sabemos a idade, (ou seria o tempo de vida?) de cada um, mas não há como estabelecer a idade do amor: ele está presente em todas as idades, todas as festas, todos os momentos. É quando se está na terceira idade a sociedade impõe uma espécie de regra ao idoso, que acaba sentindo-se incapaz de descobrir e viver um novo e grande amor. Esse amor companheiro, carinhoso e até do desejo que não precisa (nem deve) ficar bloqueado em nome dos cabelos brancos ou das limitações físicas ou estéticas exercidas pelo tempo.
É justamente quando os cabelos brancos brilham mais que é possível fazer florescer um novo amor - um amor que independe da beleza física e se completa maior na troca de sorrisos, nos beijos às vezes envergonhados dados na face, nas mãos entrelaçadas, na amizade e no simples fazer-se companhia agradável de uma ou um parceiro. Ambos procuram a mesma coisa: amor,carinho, atenção e troca de experiências contadas com o orgulho da vida vivida. É como se naquele momento o idoso voltasse ao passado. Não para lembrar-se dele com saudade ou mágoa, mas por ter certeza de que aqui está porque aqui chegou. Com amor.
Idade não é limite para nada, muito menos para o amor: um amor sempre pronto a renascer desde que não se fuja e não se tenha medo dele. Sem essa de dizer: “já passei da idade”. Ninguém passa: amor não tem idade e não pode ser rejeitado. Pelo contrário: deve ser vivenciado mais intensamente em nome de uma vida vivida sempre de amor.
Não é fundamental formar um casal para amar: o idoso está preparado para qualquer tipo de amor porque tem mais amor, colecionado e selecionado no tempo, para dar.
É nesse aspecto que encontros (reuniões, bailes, passeios, palestras) de idosos se fazem importantes porque oferecem a oportunidade maior de trocas: troca de experiências, troca de sorrisos, troca de palavras, troca de amor. A idade não condena ninguém a ficar sem amor. Qualquer tipo de amor.
Muitas vezes é no afeto a um animal de estimação que o amor do idoso se manifesta: os animais são, ao contrário dos homens, dóceis, afetuosos. Não exigem nada, nada falam, nada cobram. Só esperam carinho, atenção e amor. Os idosos também. Por isso não podem ser punidos e muito menos punir-se rejeitando a oportunidade de continuar levando a vida com amor. Em qualquer tempo ou idade ninguém deve envergonhar-se do amor. Vergonha é sentir medo de dar e receber amor. Qualquer tipo de amor vale a pezna. Sempre. (Eli Halfoun)

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