domingo, 9 de janeiro de 2011

Conto------ Pedaço de mim

Leandro não era de muito falar, principalmente de suas conquistas amorosas. Era desses que acreditava que sair por aí contando as suas intimidades era um desrespeito a si próprio e, muito mais, à mulher de uma forma geral. Além do mais, acreditava que no amor, “o segredo é mesmo a alma do negócio”. Mas, apesar disso, estava ansioso para contar o que lhe havia acontecido recentemente, não por vaidade ou para mostrar-se, mas sim pelo inusitado da situação. Resistia porque, sabia, ninguém acreditaria em sua história, que parecia mesmo pura invenção, conversa de pescador, como se costuma dizer.
Ficava pensando porque teria sido ele o escolhido por Estela. Logo ele, que não se julgava tão atraente assim e, para falar a verdade, sentia-se uma merda. Fazer o quê, se foi com ele que aconteceu? Leandro trabalhava numa empresa de promoções, e por isso mesmo, vez por outra frequentava programas de televisão para promover eventos e artistas. Num desses programas foi, como ficou sabendo depois, visto por Estela, que mais tarde o viu também, dessa vez pessoalmente, num bar da Lagoa no Rio. Até aí, não tinham se cruzado. No dia seguinte no escritório Leandro é chamado ao telefone. Surpreende-se com uma voz feminina que, assustada e nervosíssima, vai direto ao assunto:
- Já te conheço de ver na televisão, te vi ontem num bar e quero muito te conhecer pessoalmente. Você pode vir na minha casa hoje à noite?
Poderia ser uma brincadeira de mau gosto, um trote, pensou Leandro querendo fugir da raia. Estela insistiu:
- Pode ficar tranquilo que não é trote, não. Você vem na minha casa, anota aí o endereço e o telefone para confirmar
Leandro anotou e marcou hora para a visita. Quando desligou o telefone, o pensamento da dúvida não lhe escapou:
- Deve ser um bagulho, uma dessas velhas que andam catando garotões por aí.
De qualquer maneira, às nove horas da noite lá estava ele na Lagoa, onde ela morava. Morava mesmo, e bem: foi uma empregada quem abriu a porta, mandou que Leonardo entrasse e se acomodasse na sala, que “a dona Estela já vem”. O dona foi como uma martelada. “Dona é coisa de velha, quebrei a cara. Bem feito, quem mandou ser machão e ainda por cima curioso?” pensou Leandro, enquanto esperava balançando as pernas, o que revelava seu nervosismo.
Levou um susto e respirou aliviado, quando a dona Estela entrou na sala. Era uma linda morena de 21 anos vestida numa saia preta e longa. Os olhos verdes brilhavam, fazendo um bonito contraste com os cabelos negros e compridos e com umas poucas sardas espalhadas por seu rosto meigo e bem cuidado. A voz era rouca, tipo de som que Leandro costumava definir como “voz de trepada”. No início, a conversa foi daquele tipo “sem jeito”, sem muito a dizer. Para deixar o ambiente menos nervoso e assustado, Estela fez logo questão de avisar:
- Pode ficar tranquilo. Moro com minha avó, e ela já foi dormir. Deve estar no décimo sono. A empregada também já foi dormir, o que significa que estamos sozinhos e podemos conversar à vontade...
Depois do fundamental aviso, o papo fluiu numa boa. Na mesma noite, rolou um clima, e depois de beijos e abraços Leandro, já estava com a mão por baixo da saia de Estela. Queria ver seu corpo e pedia:
- Levanta a saia, levanta.
Estela atendia e deixava aparecer lindas pernas. Virava de costas para mostrar, sem tirar a calcinha (que era preta, por sinal), uma bonita e apetitosa bunda, o que deixava Leandro tremendo de excitação. Sem resistir e já com o membro rijo pra fora (abriu o zíper da calça), Leandro puxou Estela para o sofá, deitou-se por cima dela e tentou entrar naquela “vênus” que o estava deixando louco. Só percebeu que Estela continuava de calcinha quando começou a beijar suas pernas, principalmente na altura da virilha, e depois, por cima da calcinha mesmo, a linda abertura. Com a boca tentou arrancar a calcinha de Estela, que o impediu avisando:
-Assim não. Ainda sou virgem. Faz só nas minhas coxinhas
Não precisou repetir. Leandro, que continuava de calça, mas com o membro quase explodindo do lado de fora, deitou por cima de Estela , ajeitou-se entre suas coxas e pediu:
- Fecha mais as pernas para ficar bem quentinho.
Explodiu imediatamente em prazer como há muito não acontecia . Foi um alívio para o nervosismo que o invadira desde o início da noite. No dia seguinte (não é preciso nem dizer que a despedida da primeira noite foi repleta de entusiasmo), encontraram-se outra vez para jantar. Leandro ainda não entendia direito o que tinha acontecido. Parecia um sonho, mas mesmo assim estava orgulhoso de sua conquista. Foi durante o jantar que Estela, que dizia ter cabeça feita depois de muitos anos de terapia, abriu o jogo De mãos dadas em cima da mesa foi dizendo quase sem respirar:
- Leandro, é bom você ficar sabendo logo. Daqui a uma semana, vou viajar para Londres, onde ficarei estudando durante no mínimo três anos. Eu não quero viajar virgem, é você o homem que escolhi para tirar a minha virgindade...
- Não estou entendendo nada - disse Leandro meio sem graça diante da situação
- É isso mesmo. Quero que você tire a minha virgindade. Não sei o que pode acontecer em Londres...
Não havia mais o que conversar: partiram de táxi direto para um modesto hotelzinho no Flamengo, pertinho de onde haviam jantado. No quarto Leandro estava muito mais sem graça do que Estela. Era ele quem parecia a virgem. Pudera. Estela era a segunda virgem que conhecia sexualmente em sua vida. Pediu uma garrafa de vinho e para se acalmar bebeu em goles grandes, como se fossem taças de água. Ficou desinibido e partiu para o ataque. Depois de beijos e abraços tirou carinhosamente, a roupa de Estela (ela vestia um conjunto de calça e jaqueta jeans), deitou-a na cama de bruços e começou a acariciar suas costas. Seus dedos deslizavam para cima, para baixo e para os lados como se fossem plumas. Estela era um arrepio só e chegou a tremer quando Leandro percorreu seu pescoço e seus ouvidos com a língua áspera e experiente. Foi devagar e com muito carinho que o membro de Leandro descobriu, enfim, aquela intocada “gruta” da Estela, que também descobriu entre gritos e sussurros e pela primeira vez o prazer daquela parte de seu corpo. Foi como ela disse “uma noite divina”. Ficaram ali, deitados e acariciando-se até o dia amanhecer.
Quando a claridade do início da manhã começou a aparecer através da cortina, levantaram-se para ir embora. A pequena mancha vermelha no lençol branco mostrava que para Estela não estava começando só um novo dia. Começava um novo tempo.
No dia seguinte encontraram-se mais uma vez como se quisessem confirmar o fim da virgindade. Foi a última vez que seus corpos se tocaram. No dia seguinte Estela viajou para Londres, onde ficou mais do que os três anos previstos inicialmente. Só recentemente, no mesmo bar da Lagoa, voltaram a se reencontrar. Foi Estela quem reconheceu e chamou Leandro:
- Lembra de mim? Sou a Estela, aquela que viajou para Londres. Ta sozinho? Vem sentar aqui com a gente.
Quando Leandro puxou a cadeira, Estela foi logo apresentando a ruiva sardenta usando óculos de forte grau que estava na mesa:
- Essa daqui é a Margaret, meu marido (falou de boca cheia), que conheci logo que desembarquei em Londres. É o amor mais gostoso que tive até hoje e me dá prazer como ninguém com sua língua inglesa.
Leandro não disse nada. Pensou:
Nem precisava ter perdido a virgindade...
E riu sozinho da besteira que tinha pensado

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