domingo, 10 de agosto de 2014

CRÔNICA ----------- Pai todo dia

            
“Vou contar para o teu pai” - a primeira referência que os filhos têm do pai é a de um carrasco que está chegando para punir. Na infância a imagem do pai está quase sempre ligada a do homem que cobra e exige obediência e que com o cinto ou o chinelo na mão, dita as regras da casa e exigindo que as “leis” sejam cumpridas. É um retrato desenhado pela sociedade que ainda enxerga o homem como a presença mais forte, mais austera e mais capaz de exercer proteção, seja financeira ou física, para a família. As muitas e justas conquistas femininas ainda não conseguiram desvincular o pai dessa imagem de força e austeridade que as regras sociais continuam impondo. É o homem que manda e é ouvindo e aprendendo isso que os filhos crescem: as mães protegem, os pais orientam. É no colo da mãe que o filho busca aconchego e carinho, mas é no fundamental diálogo com o pai que procura aconselhamento, ensinamento, orientação. Uma palavra sempre amiga.
A conduta do pai é o espelho no qual o filho se vê refletido como homem que será e quer ser. É na presença do pai chefe da casa e profissional competente que o filho enxerga o futuro (não há profissional mais competente no mundo do que o próprio pai). É quase sempre o pai que influencia a escolha profissional do filho: filho de médico quer ser médico e assim por diante. Mesmo quando o pai não é tão bem sucedido porque não deu sorte ou não pôde estudar (precisou trabalhar desde menino para ajudar a prover a casa) o pai exerce por mais que não perceba uma enorme influência: “vou estudar muito para não passar o que o meu pai passou” - costuma pensar o filho que também estabelece como meta de vida dar ao pai de infância difícil o conforto na velhice.
 O pai que realmente pensa no futuro do filho, não mede sacrifício permitir aos filhos a garantia do estudo como um pedreiro analfabeto que com simplicidade consciente ensinou na televisão: “Eu deixo de comer para pagar o estudo dos mus filhos”. Disse isso sorrindo o sorriso orgulhoso de quem, mesmo obrigado a conviver com a cegueira dos que não sabem ler, já tem um filho na faculdade.
Quando rezamos ao “pai nosso” pedimos proteção e ajuda. Não apenas ao pai bíblico que está no céu, mas também ao que está na terra. Todos os pais estão no céu. Como anjos protetores de todos os filhos.
O Dia dos Pais que se comemora no  Brasil no segundo domingo do mês de agosto é mais uma data comercial que vende presentes. Não é necessário quando os filhos percebem que a presença é o presente maior. Para o pai e para o filho na eterna troca de respeito, atenção e cuidado com a amizade mais inteira e intensa. Sempre a mais sincera.
Historicamente a criação do Dia dos Pais tem duas versões: uma conta que começou nos Estados Unidos quando Sonora Louise criou em 1909 o Dia dos Pais, motivada pela admiração que sentia por seu pai. A data ganhou repercussão e em 1972 o presidente americano Richard Nixon oficializou o Dia dos Pais. A outra versão conta que o primeiro a comemorar o Dia dos Pais foi o jovem Elmesu, na Babilônia, há mais de 4000 anos quando teria esculpido em argila um cartão para seu pai.
No Brasil a comemoração do Dia dos Pais é atribuída ao publicitário Sylivo Bhering, que em 1953 popularizou a data através do jornal O Globo. A primeira data escolhida no Brasil foi 14 de agosto, dia de São Joaquim, patriarca da família e dia em que também se comemora o dia do padrinho, segundo a tradição católica.
Na Música Popular Brasileira o pai é cantado com emoção em, por exemplo, “Pai”, de Fábio Jr. e em “Naquela Mesa”, que Sergio Bittencourt compôs para o pai, Jacob do Bandolim.

Essas são histórias contadas em papel. Cada pai e cada filho escrevem a própria história sempre com um único enredo: o do amor e da admiração. Pai é o melhor amigo do homem. Será sempre. (Eli Halfoun)

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