“Vou contar para o teu pai” - a
primeira referência que os filhos têm do pai é a de um carrasco que está chegando
para punir. Na infância a imagem do pai está quase sempre ligada a do homem que
cobra e exige obediência e que com o cinto ou o chinelo na mão, dita as regras
da casa e exigindo que as “leis” sejam cumpridas. É um retrato desenhado pela
sociedade que ainda enxerga o homem como a presença mais forte, mais austera e
mais capaz de exercer proteção, seja financeira ou física, para a família. As
muitas e justas conquistas femininas ainda não conseguiram desvincular o pai
dessa imagem de força e austeridade que as regras sociais continuam impondo. É
o homem que manda e é ouvindo e aprendendo isso que os filhos crescem: as mães
protegem, os pais orientam. É no colo da mãe que o filho busca aconchego e
carinho, mas é no fundamental diálogo com o pai que procura aconselhamento, ensinamento,
orientação. Uma palavra sempre amiga.
A conduta do pai é o espelho no qual
o filho se vê refletido como homem que será e quer ser. É na presença do pai
chefe da casa e profissional competente que o filho enxerga o futuro (não há
profissional mais competente no mundo do que o próprio pai). É quase sempre o
pai que influencia a escolha profissional do filho: filho de médico quer ser
médico e assim por diante. Mesmo quando o pai não é tão bem sucedido porque não
deu sorte ou não pôde estudar (precisou trabalhar desde menino para ajudar a
prover a casa) o pai exerce por mais que não perceba uma enorme influência: “vou
estudar muito para não passar o que o meu pai passou” - costuma pensar o filho que
também estabelece como meta de vida dar ao pai de infância difícil o conforto na
velhice.
O pai que realmente pensa no futuro do filho,
não mede sacrifício permitir aos filhos a garantia do estudo como um pedreiro
analfabeto que com simplicidade consciente ensinou na televisão: “Eu deixo de
comer para pagar o estudo dos mus filhos”. Disse isso sorrindo o sorriso
orgulhoso de quem, mesmo obrigado a conviver com a cegueira dos que não sabem ler,
já tem um filho na faculdade.
Quando rezamos ao “pai nosso” pedimos
proteção e ajuda. Não apenas ao pai bíblico que está no céu, mas também ao que
está na terra. Todos os pais estão no céu. Como anjos protetores de todos os
filhos.
O Dia dos Pais que se comemora no Brasil no segundo domingo do mês de agosto é mais
uma data comercial que vende presentes. Não é necessário quando os filhos percebem
que a presença é o presente maior. Para o pai e para o filho na eterna troca de
respeito, atenção e cuidado com a amizade mais inteira e intensa. Sempre a mais
sincera.
Historicamente a criação do Dia dos Pais
tem duas versões: uma conta que começou nos Estados Unidos quando Sonora Louise
criou em 1909 o Dia dos Pais, motivada pela admiração que sentia por seu pai. A
data ganhou repercussão e em 1972 o presidente americano Richard Nixon
oficializou o Dia dos Pais. A outra versão conta que o primeiro a comemorar o
Dia dos Pais foi o jovem Elmesu, na Babilônia, há mais de 4000 anos quando
teria esculpido em argila um cartão para seu pai.
No Brasil a comemoração do Dia dos
Pais é atribuída ao publicitário Sylivo Bhering, que em 1953 popularizou a data
através do jornal O Globo. A primeira data escolhida no Brasil foi 14 de
agosto, dia de São Joaquim, patriarca da família e dia em que também se
comemora o dia do padrinho, segundo a tradição católica.
Na Música Popular Brasileira o pai é
cantado com emoção em, por exemplo, “Pai”, de Fábio Jr. e em “Naquela Mesa”,
que Sergio Bittencourt compôs para o pai, Jacob do Bandolim.
Essas são histórias contadas em
papel. Cada pai e cada filho escrevem a própria história sempre com um único
enredo: o do amor e da admiração. Pai é o melhor amigo do homem. Será sempre. (Eli Halfoun)
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