Ganhar ou perder faz parte da
competição que envolve qualquer esporte assim como agradar ou desagradar é
parte de qualquer programa de televisão, principalmente as novelas que mobilizam
um grande público durante meses vivendo e discutindo o dia a dia dos
personagens aos quais muitas vezes o espectador s integra e o acompanha como se
fosse uma pessoa intima - e é porque entra todas as noites em nossas casas para
mobilizar a atenção e as conversas.
O recente final de “Em Família” não
escapou desse esquema: agradou a uma boa parte do público e desagradou outra
boa parte. Todo mundo sabia que o personagem Laerte iria morrer e que, portanto,
não haveria nenhum tradicional final feliz para o digamos principal casal da
novela. O público sentiu falta do final feliz, que, aliás, deixou de ser obrigatório
em novelas faz tempo. A verdade é que a tal felicidade passou longe da maioria
dos personagens durante quase toda a trama. Ninguém era inteiramente feliz na
novela: cada personagem carregava uma infelicidade explicita. Como se só a
infelicidade fizesse parte da vida. A única personagem que pareceu feliz todo o
tempo foi Chica que sempre soube dar a volta por cima e enxergou a vida com um
sorriso embora as lágrimas também fossem necessárias.
Houve época que o final de qualquer novela era
feliz e juntava os sofridos casais em um “the end” que era o esperado e que
talvez por isso deixasse todos (personagens e público se não felizes pra sempre
felizes com o final da novela. A felicidade não é mais obrigatória para encerar um folhetim: a cada vez mais
constante de se aproximar da realidade
modificou o rumo que as novelas tinham para encerrar a história com um
apaixonado beijo que de certa forma mostrava que o fim era um novo
começo.Durante o desenrolar dos capítulos de “Em Família” foi possível perceber
nitidamente que o tal e tão esperado e apaixonado final feliz não aconteceria
da maneira que o público se acostumou a
ver e a gostar. Não há nada de errado nisso quando se abre que a vida real não é feita todo o tempo
só de felicidade e quando se sabe também que mesmo depois de momentos de
profunda angustia e tristeza a vida continua, precisa continuar. Foi o que o
autor deixou muito claro ao fazer seus personagens seguirem a vida
normalmente. Essa é a vida como ela é.
(Eli Halfoun)
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