Pode ser que ninguém esteja comprando nada, mas o movimento nas lojas, nas ruas, no camelôs é o sinal mais característico de que começou o movimento das festas de fim de ano, época de gastar o que não se tem, de desperdiçar o 13o salário. O comércio reclama que a tendência (estamos mal economicamente) é de uma grande queda no volume de venda de presentes, desde os mais caros até os mais simples, geralmente adquiridos em lojas de R$ 1,99 que já foram uma febre e que entre as que resistiram ao modismo, não se encontra quase nada por esse preço e quando se encontra é mercadoria que não presta. Não há dinheiro para se adquirir nada e, portanto, só resta deixar de comprar para entender melhor o espírito do Natal.
É apenas um pensamento (talvez um sonho) que pode ser considerado até meio louco, mas fico imaginando que se não tivéssemos criado essa obrigação da troca de presentes o Natal certamente seria mais verdadeiro, mais humano, mais completo na paz e na solidariedade. E menos comercial em tudo. Se mesmo quem pode gastar (Natal virou festa de quem tem e de que nada tem) não se obrigasse a comprar presentes e mais presentes os festejos de fim de ano poderiam ter, enfim, o seu verdadeiro espírito resgatado.
Do jeito que tem sido Natal acaba sendo (para muita gente) apenas mais uma frustração ou, no mínimo, mais um problema: na ânsia de cumprir a obrigação de presentear acaba-se adquirindo dívidas e outras tantas decepções : espera-se ganhar o que não se pode, espera-se comer o que não se tem e os sonhos ficam mais distantes da realidade. Esquecemos que o presente é só uma obrigatória formalidade que na maioria das vezes nem tem tanta emoção assim embrulhada no mesmo e colorido papel de presente, desses que servem para fazer mais bonito.
Ninguém reage (as pessoas morrem de medo de romper com velhas convenções e tradições, mesmo que não façam mais sentido) Assim o Natal continuará sendo apenas uma na maioria das vezes formal troca de presentes, um toma lá dá cá que não significa nenhum tipo de afeto.
Não é o presente que se deve fazer presente no Natal, mas sim a presença inteira, solidária, carinhosa ,repleta de amor como pede e realmente manda o Natal. Enquanto trocarmos apenas presentes não estaremos descobrindo nada e o Natal continuará sendo apenas uma noite de fartura gastronômica para uns de mais fome para outros; de sonhos para muitos e de frustrações para outros tantos ( talvez a maioria).
* Até que consigamos enxergar e entender que a presença é muito mais importante do que qualquer presente
sábado, 12 de novembro de 2011
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