Muito homem tem um grande fetiche em torno dos pés femininos. Pés bem cuidados são fundamentais no complemento da beleza de uma mulher. Pé feio e mal cuidado costuma ser um horror para os homens e uma tortura para as mulheres. As mulheres de pés feios costumam, reparem, esconde-los como se fossem terríveis cicatrizes. Se pudessem até os cortariam fora. Mulheres de qualquer classe social, também se encantam com os próprios pés. É um mecanismo que não arrisco me tentar explicar: não faço a menor idéia em do que passa pela cabeça das mulheres. Mas que os pés merecem um cuidado todo especial, merecem. É evidente que ninguém sai por aí olhando todo o tempo para os pés femininos e nem surpreende ver mulheres de um melhor padrão social e que, portanto, podem frequentar pedicuras todos os dias com os pés tratados. O que chama atenção é perceber que é nas classes sociais menos privilegiadas que os pés merecem maior atenção e mais cuidados. Não há, repare só, uma única empregada doméstica, uma única e sacrificada morado do mais longínquo subúrbio que não se orgulhe de exibir, geralmente em sandálias baratas e desconfortáveis, pés carinhosamente bem tratados, mesmo que a cor do esmalte seja geralmente de um vermelho-roxo de cegar qualquer um. Esse cuidado pode ser consequência, como consequência do trabalho que exercem: usam as mãos para lavar roupa, esfregar panelas ( usando detergentes nada recomendáveis) e, portanto, não podem manter as mãos tão bem cuidadas como gostariam. Já os pés não passam por esses sacrifícios, embora passem por muitos outros, mas é para eles, os pés, que elas dedicam um cuidado mais do que especial. Não faz muito tempo fui obrigado a enfrentar uma imensa fila num hospital público ( no Brasil, aliás, tem sempre fila pra tudo) e não deu para deixar de reparar foi fácil reparar como as mulheres de um evidente e sacrificado nível social, estavam com os pés “em dia”. As roupas que usavam eram surradas, as mãos nervosas não escondiam ser a ferramenta de um diário e duro trabalho, os rostos sofridos ( pela dor da doença, mas principalmente pela dor da vida) tentavam esconder-se atrás de pós baratos e batons mais ainda. Mas os pés - ah! os pés - esses estavam ali, apertados em sandálias de péssima qualidade, orgulhosamente bem cuidados. Como se fossem troféus.
Lá estavam mulheres dolorosamente sacrificadas enfrentando com a firmeza dos pés a fila desumana de um hospital público. Com os pés elas caminham pela vida sacrificada, pisando firme para vencer obstáculos. São verdadeiros pés de anjo preparados para caminhar sempre em busca de novos e fundamentais sonhos. (Eli Halfoun)
terça-feira, 29 de novembro de 2011
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